segunda-feira, 6 de abril de 2009

POR QUÉ NO TE CALLAS?

O homem não tem pingo de respeito pelo seu próprio estatuto. Quem foi Secretário-Geral do Partido, Primeiro Ministro, Presidente da República, Deputado Europeu e candidato derrotado às últimas eleições presidenciais, não devia ser protagonista de opiniões públicas tão ridículas, facciosas e desprestigiantes.
Por bastantes anos que ainda viva, não vou esquecer a deselegância com que se referiu a Cavaco Silva durante a campanha eleitoral. Para além de ter recorrido a acusações infundadas e a excessos verbais injustificados, o ancião Mário Soares alertou os portugueses para o perigo que corria a Democracia Portuguesa, caso o candidato da direita, referindo-se a Cavaco, fosse eleito Presidente da República.
Os portugueses, lembra-se, deram-lhe a resposta adequada, contrariando o seu pedido e relegando-o para terceiro lugar, atrás do seu camarada de Partido, Manuel Alegre, de quem parece também não morrer de amores.
Como autor de tal atoarda sobre um homem honrado, competente e patriota devia sentir-se envergonhado e pedir-lhe desculpas públicas por ter proferido tal falsidade.
Os portugueses, ao contrário, sabem bem qual é o grau de honradez, competência e patriotismo do ex-Deputado Europeu, basta pesquisar as polémicas sobre o Colégio Moderno e as mordomias da família Soares, os tempos da ditadura, o exílio, a descolonização e a sua actuação enquanto Primeiro-Ministro e Presidente da República que toda a gente acusa de ter metido o socialismo e muitas outras coisas na gaveta.
Mário Soares, se tivesse tido o bom senso de ser ponderado e isento, podia ficar na História como uma figura pública nacional de grande prestígio, abrangente e consensual para todos os portugueses e não apenas como o fundador do PS e seu defensor a qualquer preço, sem qualquer tipo de razoabilidade, como se tem verificado a cada passo, nas intervenções que faz.
Aos 85 anos, continua a afrontar os adversários políticos e, de uma forma geral, as pessoas de quem não gosta, tomando posições que afectam e prejudicam os interesses de Portugal.
Foi o que aconteceu agora com mais um ataque ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, por quem tem demonstrado não ter qualquer respeito nem simpatia, ao afirmar que "é um rosto do passado, que muda de amigos com facilidade, agora é amigo de Obama e que está ligado à cimeira da vergonha nos Açores".
Mas Mário Soares não se fica por aqui, no dia em que o Partido Popoular Europeu deu o seu apoio oficial à recandidatura do ex-Primeiro-Ministro Português à presidência da Comissão Europeia, afirmou que "Durão Barroso tem um estigma terrível, é que foi ele que preparou e foi o anfitrião da chamada «cimeira da vergonha», que foi a cimeira dos Açores, donde saiu a guerra do Iraque e a guerra do Iraque foi uma linha de partilha, que dividiu o mundo. Se a Europa e o Partido Popular Europeu têm como expoente máximo Durão Barroso à frente da Comissão Europeia, os “27” não vão conseguir chegar a lado nenhum".
É claro que Mário Soares nunca soube perder, sempre tratou com grande deselegância os seus advérsários e demonstra uma certa inveja e uma grande dor de cotovelo pelo facto de um cargo tão prestigiante da CEE, estar a ser desempenhado por um distinto português que não é socialista.
Provavelmente, gostaria de ser ele próprio a ser proposto para o lugar mas como não é possível, apoiaria com prazer qualquer figura do PS, mesmo que fosse o Dr. Pedroso, por quem diz ter uma "grande admiração".
Para quem tem 85 anos e desempenhou os cargos mais importantes do País mas continua a ter uma visão tão redutora das coisas, é lastimável e confrangedor verificar que os interesses pessoais e os do seu Partido, são colocados acima dos interesses de Portugal.

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