quinta-feira, 3 de março de 2011

VERGONHOSA SUBMISSÃO DOS GOVERNANTES EUROPEUS





Recepção apoteótica do autor do atentado Lockerbie, à chegada ao aeroporto e depois recebido e cumprimentado efusivamente por Kadafi
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Kadafi pode considerar-se um dos governantes mais sinistros e o mais excêntrico palhaço da história do Médio Oriente.

Desde que chegou ao poder, através de um golpe de estado, em 1969, apoiou diversos grupos islâmicos de libertação no terceiro Mundo mas sobretudo todos os grupos, países ou facções anti-americanas ou antiisraelitas que fossem do seu conhecimento, entre eles os "Panteras Negras", a Fatah e alguns países do Médio Oriente.

Kadafi teve uma ligação directa ao massacre de Munique, em 5.9.72, durante os Jogos Olímpicos, onde foram assassinados 11 atletas israelitas, já que patrocinou e deu cobertura ao grupo que ficou conhecido como Setembro Negro.

Kadafi patrocinou atentados nos mais diversos países do Mundo, procurando atingir, sobretudo, interesses norte americanos, como os atentados contra aviões da Pan An e da UTA.

O atentado de Lockerbie contra o vôo 103 da Pan An, em 21.12.1988, o avião Boeing 747-121 que partira de Londres com destino a Nova Iorque, explodiu quando sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie, matando 270 pessoas, 259 do avião e 11 em terra, de 21 nacionalidades diferentes. O fatídico vôo vitimou 189 cidadãos americanos.

Kadafi foi apontado como o mandante da operação terrorista mas nunca punido por tão bárbaro crime mas a Líbia acabou por assumir integralmente as indemnizações às famílias das vítimas.

Vergonhosamente ultrajante para os familiares das vítimas foi o episódio em que Abdel Basset al-Megrahi que tinha sido condenado a prisão perpétua pela participação no atentado, foi recebido apoteoticamente no aeroporto de Tripoli, como um heroi, depois de as autoridades escocesas terem decidido libertá-lo, por sofrer de um cancro em fase terminal.

Se o terrorista foi condenado a prisão perpétua porque razão foi posto em liberdade? Na altura foi dito que o criminoso não teria mais de um ano de vida mas depois de avaliada na Líbia a sua doença, foi confirmado que Abdel podia viver ainda mais de 10 anos.

O que é que esteve por detrás da libertação? Mais uma vez os interesses económicos se sobrepuseram à honra e à justiça. Ingleses e escoceses cozinharam entre si um acordo para libertar o assassino, do qual resultaram, não temos dúvidas, grossos dividendos para os dois países, não lhes tendo merecido qualquer respeito a memória das 270 vítimas.

A ONU acusou o líder líbio de financiar o terrorismo e decretou duras sanções ao seu País, com as quais pouco se importou, já que as mesmas em nada o afectaram. Quem sofreu foi, sobretudo, o Povo líbio pelo qual o ditador tem pouco respeito, como se pode comprovar pelos sucessivos ataques aéreos da força aérea às populações indefesas.

Em 1986, na sequência de vários atentados que vitimaram cidadãos americanos, os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra Tripoli e Benghazi e impuseram também sanções económicas.

O descontentamento do seu povo ou de parte dele, foi demonstrado em pelo menos três ocasiões, atravez de tentativas de golpe de estado, mal sucedidas, visto que os revoltosos foram sempre esmagados.

Mesmo quando em 1998 sofreu um novo atentado, do qual saiu baleado com alguma gravidade, acabou não só por sobreviver, tendo sido operado de urgência como, mais uma vez, neutralizou a tentativa de golpe de estado.

O excêntrico terrorista Muammar Kadafi, ao longo das mais de quatro décadas que leva de governação, praticou os mais horrendos e ignóbeis crimes e, no entanto, nunca os governantes europeus levantaram a voz para condenar os seus actos. Nem mesmo na actual conjuntura política em que o corajoso Povo líbio saíu à rua exigindo a retirada do tirano e por isso está a ser cobardemente assassinado pelas tropas que lhe são leais, os governantes europeus tomaram qualquer decisão para impedir o genocídio e o êxodo de centenas de milhar de pessoas. A Liga Líbia para os Direitos Humanos estima em mais de 6.000 o número de mortos, 3 mil dos quais em Tripoli e 2 mil em Benghazi.

Vimos Kadafi, nos últimos anos, ser recebido com todas as honrarias por todos ou quase todos os governantes europeus, os quais lhe fizeram vénias, beijaram, abraçaram e teceram grandes elogios. Todos eles colocaram os interesses económicos dos seus países acima de quaisquer outros e, mesmo neste momento, demonstrando uma cobardia confrangedora, continuam mais interessados em preservar o seu quinhão de petróleo do que em impedir o massacre de pessoas inocentes e indefesas que contestam o ditador e querem ver-se livres dele para poderem ter acesso à dignidade e à democracia.

Os governantes europeus permitiram ao longo de quatro décadas que Muammar Kadafi cometesse impunemente os mais arrojados actos terroristas, desafiando e afrontando o Mundo inteiro e agora, permitem também, que em desespero de causa, mate também o seu próprio povo.

Esta inadmissível e vergonhosa subserviência dos governantes europeus face ao tirano ditador Kadafi, por causa do petóleo, é também um acto hediondo e criminoso que deve merecer repulsa e condenação por parte de todos quantos ainda conservam princípios éticos e morais que não se revêem na actuação ignóbil dos líderes europeus (palhaços iguais a Kadafi) e continuam a pensar que nada é mais importante que a vida de uma pessoa.

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