quarta-feira, 9 de março de 2011

PRESIDENTE DA REPÚBLICA - UM DISCURSO DE POSSE SEM MEIAS PALAVRAS



A actuação do Presidente da República Cavaco Silva, durante o primeiro mandato, acabou por me decepcionar bastante, ao ponto de ter estado tentado a votar em branco nesta eleição. Acabei por decidir votar novamente nele porque se o seu primeiro mandato não me agradou devido a alguns equívocos e indecisões, pensei no desastre que seria a sua não eleição.

Hoje, recebi o prémio que há muito esperava. Fiquei extremamente satisfeito com o conteúdo do discurso da tomada de posse. Por vezes a verdade é dura mas tem que ser dita. O Presidente da República tem a responsabilidade de falar verdade aos portugueses. Nesse sentido, o seu discurso foi ousado mas honesto, pondo a nu a gravíssima situação económica do País e muitas outras facetas vergonhosas da vida nacional que os portugueses bem conhecem mas que o Governo tem sistematicamente escondido.

Durante o primeiro mandato, o Presidente da República pactuou em muitas ocasiões com as mentiras do governo e do Primeiro-Ministro e, de facto, tal actuação causou-me um certo mal-estar. Um Primeiro-Ministro que mente constantemente e ainda por cima, esteve envolvido numa série de graves trapalhadas, não tem perfil para ocupar tão importante cargo e, nesse sentido, devia ter sido demitido.

Portugal será um País adiado, cada vez mais hipotecado, enquanto este Primeiro-Ministro e este Governo estiverem em funções. Foi pena que o Presidente da República não tivesse tido a coragem necessária para mostrar um cartão vermelho a tão incompetente, faltoso e indisciplinado Chefe do Governo.

Ontem, o reeleito Presidente da República foi capaz de dizer ao desastrado e incompetente chefe de governo que a última década, foi uma década perdida; que a maioria dos políticos e governantes não conhecem a realidade do País onde vivem, só conhecem o País virtual e mediático; que os cargos públicos não devem ser distribuídos pelos membros do Partido mas pelos cidadãos mais capazes e competentes; que as obras megalómanas não têm sentido, num País onde mais de um quarto da população vive num quadro de extrema pobreza; que a promiscuidade entre o Estado e o sector empresarial privado atingiu proporções alarmantes; que a fiscalidade tem que ser mais simples, transparente e previsível e o sistema de justiça mais eficiente, credível e rápida; que devem ser dadas mais oportunidades aos jovens e que os sacrifícios exigidos ao cidadão comum também têm limites.

Em suma, dada a situação de bancarrota em que se encontra o País, em boa parte por causa da desastrada actuação do Governo e, por outro lado, o encobrimento reiterado de tão grave situação por parte do Primeiro-Ministro, o Presidente da República só tinha que falar toda a verdade e desmascarar todas essas poucas-vergonhas.

Agora, aqueles que acusavam o PR de não ter coragem de encostar o Governo à parede, são os mesmos que o criticam por ter dito o que disse, em defesa da verdade, empregando os mais diversos e disparatados adjectivos, como discurso "cruel", "faccioso", "sectário", "agressivo", "ressabiado", "arrasador", "demolidor" e "vingativo".

É claro que os governantes e os políticos não dizem o que sentem mas o que lhes convém e por isso mesmo, a sua opinião vale o que vale (muito pouco). Quanto aos comentadores profissionais da nossa praça, não tenho a certeza se ainda consigo ter pachorra para ouvir ou ler algum. São injecções demasiado dolorosas que há muito optei por rejeitar, recusando ver a maioria dos programas de televisão e deixando de comprar jornais.

Depois deste discurso, fico à espera que este Governo seja demitido, no primeiro momento em que se verificar que não foi capaz de cumprir o PEC e atingir as metas a que pomposamente se propôs durante a campanha eleitoral das últimas legislativas.

Vou ficar atento.

Sem comentários: