segunda-feira, 14 de março de 2011

GERAÇÃO À RASCA


Cerca de meio milhão de pessoas, em diferentes cidades do País, saíram à rua para demonstar o seu descontentamento a este governo e à sua política governativa que tem atingido todas as camadas da população mas especialmente os jovens que procuram o seu primeiro emprego.

Estes, depois de concluírem os seus estudos e a sua formação profissional, iniciam um processo longo e doloroso, à procura de um emprego que pode demorar muitos anos ou nunca ser encontrado.

Ouvimos muitos jovens com trinta e tal anos declarar que continuam em casa dos pais porque dependem deles economicamente; outros declararam que ainda não se casaram porque não têm emprego, outros que emigraram e ainda outros que estão igualmente a pensar sair do País.

Na verdade, dezenas ou centenas de milhar de jovens, têm a sua vida adiada há muitos anos e tal situação, não só os impede de tomarem decisões importantes nas suas vidas, como lhes rouba a possibilidade de se sentirem realizados e úteis à sociedade, pondo em prática os ensinamentos que receberam.

Mas desiludam-se aqueles que possam ter a veleidade de pensar que a manifestação de 12 de Março vai alterar a situação dos jovens. Não vai mudar rigorosamente nada. Os governantes estão-se nas tintas para as manifestações e reivindicações dos jovens à rasca, porque são desavergonhados, mentirosos e incompetentes.

Os 500 mil que se manifestaram nas ruas, mais os vários milhões que em casa se solidarizaram com o seu protesto, não tiram o sono a um primeiro-ministro louco e megalómano que só pensa em projectos grandiosos mas inúteis, em vez de pensar numa correcta e honesta utilização do dinheiro dos contribuintes e no seu bem-estar.

De facto, não há melhor adjectivo para definir o carácter destes governantes. São desavergonhados porque aceitaram desempenhar funções para as quais sabiam não ter competência; são desavergonhados porque mentem constante e compulsivamente aos cidadãos contribuintes; são desavergonhados porque põem os seus interesses, dos familiares, amigos e camaradas de partido, acima dos superiores interesses da nação; são desavergonhados porque se comportam como gigantescos cardumes de piranhas esfomeadas que devoram e arrasam tudo por onde passam.

O País endivida-se a cada dia que passa, comprando dinheiro ao estrangeiro, a juros incomportáveis e inimagináveis há alguns anos atrás. Os recursos económicos do País já não chegam para garantir, no final de cada mês, os depósitos nas contas bancárias dos vencimentos milionários da imensa multidão que gravita à volta do governo e do partido que o sustenta.

O País está de tanga e na bancarrota, esmifrado até ao tutano por uns quantos, em detrimento da maioria da população. Pois agora que é preciso repôr os stocks abusivamente retirados por uns quantos, é à maioria da população que está a ser exigida a maior comparticipação.

Este regime em que vivemos não tem qualquer viabilidade de futuro. É necessário reinventar um novo modelo de democracia onde caibam todos os cidadãos e não apenas alguns, um modelo que garanta deveres e direitos iguais, um modelo onde a justiça seja cega surda e muda, incapaz de reconhecer amigos e inimigos e cortar a direito, sempre em defesa da honra e da verdade.

Este regime em que vivemos está demasiadamente conspurcado e viciado e desavergonhadamente, só serve os interesses de uns quantos e miseravelmente, sempre os mesmos.

Porém, face à má qualidade dos políticos e governantes que temos, a actual situação já não se resolve com manifestações de gente à rasca, com gritos, slogans e palavras de ordem. A actual situação só se resolverá quando toda essa espécie de gente for corrida à força para bem longe da esfera dos órgãos do poder e substituída por pessoas de bem, competentes e impolutas que estejam interessadas em servir patrioticamente o País, ponde os seus interesses acima de quaisquer outros.

Quando houver uma convocação com esse objectivo, através das redes sociais ou de qualquer outro meio, contem comigo pois faço questão de estar na primeira fila.

Só um povo sereno e demasiado desinteressado e apático consegue aguentar 36 anos de sucessivas promessas nunca cumpridas. Que o movimento da geração à rasca seja o princípio do rastilho que há-de fazer detonar a verdadeira revolução.

2 comentários:

Unknown disse...

Gostaria de te dizer que estás apenas e só do contra e que te tornaste mais um contra o patriotismo socrático.

Infelizmente tens razão e penso que nem vale a pena dizer mais nada...

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Deve haver algum Engano. O Exmo Senhor PM, diz que o País vai bem. Não, o Exmo Senhor PM, diz que o País nunca esteve tão bem. Depende do ponto de vista. Eu, em relacção ao Exmo Senhor PM, estou a ver o País, tirando algumas, poucas, excepções, com um desfasamento de 180 Graus.