Antigamente, no dia 1 de Abril, conhecido como o dia das mentiras, não havia pessoa que não engendrasse para essa data um qualquer esquema mentiroso para brincar com os colegas, amigos ou familiares. Realmente, noutros tempos, o dia das mentiras era condignamente festejado, pondo à prova a creatividade dos cidadãos que se divertiam com o seu poder inventivo e faziam do dia 1 de Abril uma efeméride de divertimento e descontração.
Outrora fazia sentido o dia anual das mentiras porque as pessoas tinham uma formação ética e moral que não lhes permitia mentir por tudo e por nada, eram mais responsáveis e honestas e, por isso mesmo, por não ser hábito as pessoas mentirem, no dia das mentiras, facilmente pregavam uma pêta aos amigos quando os apanhavam desprevenidos.
Actualmente já não se justifica o dia das mentiras. As pessoas levam o ano inteiro a mentir e, por isso mesmo, já ninguém acredita em ninguém.
No actual contexto comportamental das pessoas, fazia muito mais sentido "O DIA DAS VERDADES". As pessoas deviam aproveitar o dia 1 de Abril para, pelo menos, uma vez por ano, dizeram uma verdade.
O "DIA DAS VERDADES" seria uma excelente oportunidade para os cidadãos tomarem conhecimento, através dos governantes e de todos os titulares de cargos públicos do Estado, qual a verdadeira situação do País e dos organismos por eles administrados.
A mentira está tão entranhada no esquema de trabalho, hábitos e costumes dos governantes e, de uma forma geral, tornou-se tão curriqueira e tão banal neste pequeno rectângulo à beira-mar situado que facilmente é assimilada como verdade.
Como consequência dessa situação tão bizarra, chegámos a um ponto em que nada do que os nossos governantes afirmam corresponde à verdade.
Por mim, já que se mente impune e descaradamente ao longo de todo o ano, acabava com "o dia das mentiras" e instituía em seu lugar "O DIA DAS VERDADES", incluindo, ao mesmo tempo, no código penal, uma sansão de pelo menos 10 dias de prisão efectiva e uma multa pecuniária de 500 euros para todos quantos fossem apanhados a mentir no "dia das verdades".
4 comentários:
Exmo Senhor
Blogger,
Lá fora, não sei como é que eles, actualmente, com a mudança dos tempos, funcionam, no que ao Dia das Mentiras, diz respeito. Em Portugal, considero que o Dia das Mentiras, deveria passar para o Dia vinte e cinco de Abril. Eu acho, até, que em vez de um Novo Acordo Ortográfico, inventassem Palavras que tivessem, de facto, significado, e que o mesmo fosse, escrupulosamente, por todos, respeitado.
Como V. Excelência sabe, os Substantivos Femininos, Verdade e Mentira, só tinham o significado que, ralmente, se lhes atribui, conforme o Dicionário, no tempo dos nossos Avós.
Espero que passe muito bem.
De facto, meu caro amigo, tem toda a razão, concordo em absoluto consigo: o dia das mentiras devia ser transferido para o dia 25 de Abril, já que para mim e para uma grande parte dos portugueses, tal efeméride, não passa de uma vergonhosa mentira. Nos primeiros anos de democracia, os iluminados "revolucionários" ainda conseguiram enganar o povo, atribuindo todos os insucessos ao antigo regime mas agora, passados 36 anos, o povo já não aceita esse tipo de desculpas e já chegou à conclusão que a culpa é desta cambada de incompetentes.
Nunca o povo foi tão enganado como neste período de "regime democrático" e nunca o País passou por uma crise económica tão grave.
Seguindo a sua ideia, vou comemorar o próximo dia 25, como sendo o "dia das mentiras" e tenho razões de sobra para o fazer, já que, graças a essa efeméride, a minha vida ficou completamente destroçada durante muitos anos.
Não sei qual a sua idade mas se é "aposentado" eu diria "reformado" deve ter conhecido o "antes 25 de Abril". Onde estava e o que fez para que a democracia prevalecesse? Com o seu emprego, funcionario............as coisas não deviam ter sido muito mas, de qualquer maneira estou de acordo com o senhor com a analise da "mentira" nos nossos dias e a todos os niveis, contudo sejamos realistas o facto de não "chover" também é culpa do 25 de Abril? Diz-se que cada pais tem os governantes que merece, sera verdade?
COMENTÁRIO DO AUTOR
De facto, estimada Mafalda, quando se deu o 25 de Abril em Portugal, labutava fora do País e com apenas 24 anos de idade, já casado e pai de dois filhos, tinha uma vida profissional e familiar, invejável. Como consequência do Golpe Militar de 25 de Abril, perdi todos os meus bens e durante uma década, pelo menos,passei imensas dificuldades e privações. Com muita dificuldade, consegui refazer a minha vida profissional e familiar, sem nunca ter alcançado os padrões de vida de outrora.
Diz, e muito bem que cada País tem os governantes que merece. Se de facto o povo escolhe gente incompetente, mentirosa e corrupta para o governar e em 37 anos de democracia não conseguiu, pelo menos uma vez, dar-lhes uma valente lição, então é merecedor de tal gente.
Uma andorinha não faz a Primavera e um homem só também não pode mudar o mundo mas garanto-lhe que se a maioria dos portugueses fizesse o que eu faço, essa gentalha não tinha qualquer hipótese de mentir e vigarizar o povo.
Minha cara Mafalda, quando se faz uma revolução em nome do povo e para o povo e depois se assiste a esta pouca vergonha de delapidação do erário público e empobrecimento contínuo dos cidadãos, teremos forçosamente que concluir que tudo não passou de uma farsa e que apenas serviu para que uns tantos, em nome do povo, roubassem a torto e a direito e fizessem fortunas fabulosas.
O 25 de Abril não é culpado pelo facto de não chover, antes também havia secas. É um fenómeno da natureza a que o homem não pode fazer frente mas podia tomar medidas preventivas que atenuassem o seu efeito. Quando chove, salvo raras excepções, a água não é aproveitada; vai directamente para os rios e depois para o oceano. Se fossem construídos muitos reservatórios ao longo do País, especialmente nos locais onde o acesso à água é mais difícil, então os efeitos da seca seriam menos penalisantes.
Obrigada pelo seu comentário e votos de bom fim-de-semana.
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