domingo, 27 de julho de 2014

OS "SEM-ABRIGO" - NADA, HOJE EM DIA, É ESTÁVEL E DURADOIRO!



Percorrendo as ruas da cidade de Lisboa ou de outra qualquer grande cidade do País, a partir das 23/24 horas, deparamos com uma legião de gente "Sem-Abrigo" dormindo nos mais inusitados lugares. É um espectáculo terrivelmente atentatório e degradante da dignidade do ser humano, que passa a viver em piores condições do que muitos dos animais domésticos, sem habitação, sem emprego, alimentação, vestuário e condições de higiene.

Como se chega à condição de Sem-Abrigo? Hoje, mais do que nunca, é fácil cair nessa degradante condição humana. Tudo começa quando uma pessoa não consegue honrar os seus compromissos para com a sociedade, pagando atempadamente os seus impostos ao Estado, a renda da casa, a água, a electricidade, o gás, o telefone/televisão/internet, a prestação do carro e do recheio da casa, os transportes e tantos outros encargos inerentes às despesas diárias e  mensais de uma casa de família.

Nada, hoje em dia, é estável e duradoiro. Fica-se sem emprego de um momento para o outro, com a maior das facilidades: umas vezes porque as entidades empregadoras abrem falência e outras porque as administrações pretendem reduzir os custos com a massa salarial, para tornar viável a empresa e salvar o emprego de alguns.

Ora, quem vive exclusivamente do rendimento do emprego, se este se extingue, entra imediatamente em gravíssimas dificuldades económicas, incapaz de fazer face, sequer, às despesas com a alimentação e ainda muito menos a todos os restantes compromissos, ficando a um passo da condição de “Sem-Abrigo”, caso não tenha alguém na família que lhe estenda e o ajude a superar tão difícil provação.

 Se isso não acontecer, se de facto não houver ninguém que o ajude, os problemas económicos irão despoletar uma série de discórdias/desavenças no casal, quando se trate de uma família unida pelo casamento ou união de facto, que na maior parte dos casos termina irremediavelmente na separação.

Numa situação destas, para se proteger a mulher e os filhos, o homem, é normalmente o mais penalizado, tendo em conta que a casa é quase sempre entregue à mulher e aos filhos, quando os há. E, neste caso, sem emprego nem quaisquer outros rendimentos, caso não encontre abrigo em casa de familiares ou amigos, só lhe resta a condição de Sem-Abrigo, vagueando pela cidade, de trouxa às costas, à procura de alimentos e de um local abrigado onde possa pernoitar.

Encontramos "Sem Abrigo", jovens, velhos e de meia idade, portugueses e estrangeiros, mulheres e homens, com histórias de vida que fazem arrepiar qualquer um. Muitos têm cursos superiores e já desfrutaram de grandes vidas! Foram casados, constituíram família, fizeram juras de fidelidade e felicidade eterna, tiveram bons empregos, foram donos de grandes, médias e pequenas empresas e nunca souberam o que eram necessidades.

Embora seja difícil podermos sentir a humilhação, a mágoa, a raiva e a frustração de um “Sem-Abrigo” que já teve tudo na vida para ser feliz, tento imaginar quão terrível e violento será o impacto do seu primeiro dia nessa condição e o turbilhão de sentimentos nefastos que não deixarão de violentar o seu pensamento.

Porém e apesar de tudo, há imensos casos com fim feliz, se pensarmos que muitos “Sem-Abrigo” foram capazes de encontrar forças e lutar contra tão grande adversidade, conseguindo reverter tão dramática situação, com a ajuda de Instituições de Solidariedade Social, junto das quais tiveram a humildade e o bom senso de procurar apoio.

Porque ninguém está livre de um dia lhe acontecer a mesma desgraça, independentemente das causas que levaram um ser humano à condição de “Sem-Abrigo”, deveria haver da parte das Instituições do Estado e da sociedade em geral, uma maior preocupação com o bem-estar dos “Sem-Abrigo”, proporcionando-lhes o apoio necessário e indispensável para voltarem a readquirir a condição plena de ser humano digno.

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, com os SEM-ABRIGO que os Sucessivos Governos, Pós vinte e cinco de Abril, arranjaram, este Governo que, por causa do que fizeram os anteriores, foi o que originou mais POBRES, não lhe vejo, ao actual Governo, com as Políticas que tem seguido e continua a seguir, grandes hipóteses de acabar com esta Pobreza do Século XXI!!!!!!!

Admito sim, que acabe com os Problemas do BES.

Como podem, os Governantes, acabar com estes Pobres, se foram e são eles que, devido a esta governação, sem qualquer rumo, dão origem aos mesmos?

Por acaso, os Portugueses, pagam um Preço justo, pela Energia, Gaz, Água, Telefone, etc?

É lógico, racional e intuitivo que, tendo em conta, os baixos Ordenados, Pensões e Reformas, não pagamos um Preço Justo!!!!!!

Como posso eu, V. Excelência e os Portugueses em geral, honrar os compromissos, perante a Sociedade, com Governos que, além de não darem qualquer aumento, durante Anos, ainda nos obrigam a contribuir para tapar um ou vários buracos Financeiros, que eles próprios criaram?

Além disso, esses Governos ainda permitem ou, até, obrigam as Empresas e o comércio em geral, para receberem mais impostos, a aumentarem os Preços dos Produtos e Serviços!!!!

É evidente que, assim, vamos ter cada vez mais SEM-ABRIGO!!!!!!
Laranjeiro, 27-07-2014