Percorrendo as ruas da cidade de Lisboa ou
de outra qualquer grande cidade do País, a partir das 23/24 horas, deparamos
com uma legião de gente "Sem-Abrigo" dormindo nos mais inusitados lugares.
É um espectáculo terrivelmente atentatório e degradante da dignidade do ser
humano, que passa a viver em piores condições do que muitos dos animais
domésticos, sem habitação, sem emprego, alimentação, vestuário e condições de
higiene.
Como se chega à condição de Sem-Abrigo? Hoje,
mais do que nunca, é fácil cair nessa degradante condição humana. Tudo
começa quando uma pessoa não consegue honrar os seus compromissos para com
a sociedade, pagando atempadamente os seus impostos ao Estado, a renda da casa,
a água, a electricidade, o gás, o telefone/televisão/internet, a prestação do
carro e do recheio da casa, os transportes e tantos outros encargos inerentes
às despesas diárias e mensais de uma casa de família.
Nada, hoje em dia, é estável e duradoiro. Fica-se
sem emprego de um momento para o outro, com a maior das facilidades: umas
vezes porque as entidades empregadoras abrem falência e outras porque as
administrações pretendem reduzir os custos com a massa salarial, para
tornar viável a empresa e salvar o emprego de alguns.
Ora, quem vive exclusivamente do rendimento do
emprego, se este se extingue, entra imediatamente em gravíssimas dificuldades
económicas, incapaz de fazer face, sequer, às despesas com a alimentação e ainda
muito menos a todos os restantes compromissos, ficando a um passo da
condição de “Sem-Abrigo”, caso não tenha alguém na família que lhe estenda e o
ajude a superar tão difícil provação.
Se isso não acontecer, se de facto não
houver ninguém que o ajude, os problemas económicos irão despoletar uma série
de discórdias/desavenças no casal, quando se trate de uma família unida pelo
casamento ou união de facto, que na maior parte dos casos termina
irremediavelmente na separação.
Numa situação destas, para se proteger a mulher e
os filhos, o homem, é normalmente o mais penalizado, tendo em conta que a
casa é quase sempre entregue à mulher e aos filhos, quando os há. E, neste
caso, sem emprego nem quaisquer outros rendimentos, caso não encontre abrigo em
casa de familiares ou amigos, só lhe resta a condição de Sem-Abrigo, vagueando
pela cidade, de trouxa às costas, à procura de alimentos e de um local abrigado
onde possa pernoitar.
Encontramos "Sem Abrigo", jovens, velhos
e de meia idade, portugueses e estrangeiros, mulheres e homens, com histórias
de vida que fazem arrepiar qualquer um. Muitos têm cursos superiores e já
desfrutaram de grandes vidas! Foram casados, constituíram família, fizeram
juras de fidelidade e felicidade eterna, tiveram bons empregos, foram donos de grandes,
médias e pequenas empresas e nunca souberam o que eram necessidades.
Embora seja difícil podermos sentir a humilhação,
a mágoa, a raiva e a frustração de um “Sem-Abrigo” que já teve tudo na vida
para ser feliz, tento imaginar quão terrível e violento será o impacto do seu primeiro
dia nessa condição e o turbilhão de sentimentos nefastos que não deixarão de
violentar o seu pensamento.
Porém e apesar de tudo, há imensos casos com fim
feliz, se pensarmos que muitos “Sem-Abrigo” foram capazes de encontrar forças e
lutar contra tão grande adversidade, conseguindo reverter tão dramática
situação, com a ajuda de Instituições de Solidariedade Social, junto das quais
tiveram a humildade e o bom senso de procurar apoio.
Porque ninguém está livre de um dia lhe acontecer
a mesma desgraça, independentemente das causas que levaram um ser humano à
condição de “Sem-Abrigo”, deveria haver da parte das Instituições do Estado e da
sociedade em geral, uma maior preocupação com o bem-estar dos “Sem-Abrigo”,
proporcionando-lhes o apoio necessário e indispensável para voltarem a
readquirir a condição plena de ser humano digno.
1 comentário:
Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa
Exmo Senhor,
De facto, com os SEM-ABRIGO que os Sucessivos Governos, Pós vinte e cinco de Abril, arranjaram, este Governo que, por causa do que fizeram os anteriores, foi o que originou mais POBRES, não lhe vejo, ao actual Governo, com as Políticas que tem seguido e continua a seguir, grandes hipóteses de acabar com esta Pobreza do Século XXI!!!!!!!
Admito sim, que acabe com os Problemas do BES.
Como podem, os Governantes, acabar com estes Pobres, se foram e são eles que, devido a esta governação, sem qualquer rumo, dão origem aos mesmos?
Por acaso, os Portugueses, pagam um Preço justo, pela Energia, Gaz, Água, Telefone, etc?
É lógico, racional e intuitivo que, tendo em conta, os baixos Ordenados, Pensões e Reformas, não pagamos um Preço Justo!!!!!!
Como posso eu, V. Excelência e os Portugueses em geral, honrar os compromissos, perante a Sociedade, com Governos que, além de não darem qualquer aumento, durante Anos, ainda nos obrigam a contribuir para tapar um ou vários buracos Financeiros, que eles próprios criaram?
Além disso, esses Governos ainda permitem ou, até, obrigam as Empresas e o comércio em geral, para receberem mais impostos, a aumentarem os Preços dos Produtos e Serviços!!!!
É evidente que, assim, vamos ter cada vez mais SEM-ABRIGO!!!!!!
Laranjeiro, 27-07-2014
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