segunda-feira, 15 de junho de 2015

LEGISLATIVAS 2015 - COMEÇOU A ÉPOCA DA CAÇA... AO... VOTO

 
Imagem retirada do Google
 
 De quatro em quatro anos, antes de terminar a legislatura, há um período de campanha eleitoral que eu designo de "caça ao voto". Nesse período, os políticos dos principais partidos percorrem o País de Norte a Sul e de Este a Oeste, indo ao encontro das pessoas de todas as condições sociais com o objectivo de "caçar" o seu voto. E para concretizar os seus desígnios, os políticos recorrem a todos os truques de sedução e convencimento, com um tal descaramento e demagogia que ultrapassa todas as fronteiras do tolerável.

Está provado que o voto é muito mais importante para os políticos e para os partidos a que pertencem do que as pessoas, embora, cinicamente, façam questão de afirmar o contrário. A prova de que o voto é mais importante do que as pessoas, está no facto de os políticos só se lembrarem de percorrer o País e ir ao encontro das pessoas, em tempo de campanha eleitoral, esquecendo-se delas e das promessas que lhes fizeram, logo após a contagem dos votos.
 
Durante a campanha eleitoral incentivam as pessoas a votar, de preferência no seu partido, argumentando que a abstenção favorece as forças de direita ou de esquerda, consoante a linha ideológica dos políticos que fazem o apelo ao voto.
 
Mas porque é mais importante o voto do que as pessoas para os partidos políticos?
 
Eu explico: Os partidos vivem essencialmente da subvenção anual que recebem do Estado, em função e na proporção da quantidade de votos recebidos nas eleições legislativas que se realizam de 4 em 4 anos. Nesse sentido, cada força política procura convencer o maior número de eleitores a votar na sua sigla, utilizando para isso, toda a espécie de argumentação que possa prejudicar e descredibilizar os adversários. É a chamada "baixa política" em que tudo vale, mesmo o insulto e a difamação, para "caçar" mais uns míseros votos.

De acordo com a lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais, as várias forças recebem por cada voto 1/135 do salário mínimo nacional. Actualmente, o valor fixado e aprovado para vigorar até 31 de Dezembro de 2015, é 505 euros. Feitas as contas, para estas eleições, o valor de um voto, caso seja actualizado, é de 3,74 euros.
 
Os partidos, se cada voto não representasse dinheiro a entrar nos seus cofres (3,74 €), que multiplicados pelos 4 anos da legislatura soma 14,96 €, estavam-se nas tintas para os eleitores e para a abstenção. Para eles seria indiferente alcançar uma vitória com 500 mil, 1 milhão ou 2 ou 3 milhões de votos. Mas como a subvenção do Estado para cada partido é equivalente ao número de votos alcançados nas urnas, obriga os partidos e os seus líderes a fazer pela vida em tempo de campanha eleitoral.
 
Agora imaginemos, a título de exemplo, que os principais partidos políticos  alcançavam nas próximas legislativas, o número de votos que a seguir apresento. Multiplicado o número total de votos pelo valor de cada um (14,96 €), encontramos o montante da subvenção recebida do Estado por cada partido, referente aos 4 anos da legislatura e que, neste caso, representa um encargo de 89.236.400 euros (Oitenta e nove milhões duzentos e trinta e seis mil e quatrocentos euros).
 
Partido A  -  2.500.000  x 14,96  =  37.400.000 (Trinta e sete milhões e quatrocentos mil euros).
Partido B  -  1.900.000  x  14,96  = 28.424.000 (Vinte e oito milhões quatrocentos e vinte e quatro mil euros).
Partido C  -     700.000  x  14,96  =  10.472.000 (Dez milhões quatrocentos e setenta e dois mil euros).
Partido D  -     400.000  x  14,96  =   5.984.000 (Cinco milhões novecentos e oitenta e quatro mil euros).
Partido E  -     280.000  x 14,96   =   4.188.800 (Quatro  milhões cento e oitenta e oito mil e  oitocentos euros).
Partido F  -     100.000  x  14,96  =    1.496.000 (Um milhão quatrocentos e noventa e seis mil euros).
Partido G -       45.000  x  14,96  =        673.200 (Seiscentos e setenta e três mil e duzentos euros).
Partido H -       40.000  x  14,96  =        598.400 (Quinhentos e noventa e oito mil e quatrocentos euros).
 
Indubitavelmente, o montante da subvenção a alcançar nas próximas legislativas é a única forte razão que motiva os partidos a redobrar os seus esforços junto dos eleitores, onde quer que eles se encontrem, seja nas ruas,  nas fábricas,  nas feiras, nos campos, no interior do País ou no litoral, nas vilas ou nas aldeias, nas grandes ou nas pequenas cidades, porque o seu voto vale 14,96 euros.
 
Com a experiência adquirida nos 41 anos de democracia, o povo que não se iluda! Os políticos só correm atrás dos seus próprios interesses.

NOTA: - Nas anteriores eleições legislativas, os pequenos partidos que não alcançaram um número de votos igual ou superior a 50.000, não receberam qualquer tipo de subvenção. Nas próximas, com 25.000 votos já vão ter direito a subvenção porque, entretanto, a lei foi alterada.

 

2 comentários:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

De facto, isto é escandaloso!

Só lamento que uma grande parte das Pessoas, não tenham conhecimento disto, para conhecerem, ainda melhor, porque é que os políticos lutam heroicamente, para atingirem o máximo número de Votos.

Mais, tal como acontece com os auto aumentos, todos os Anos, só para os Políticos e para os outros, Zero, também no que toca à quantia recebida, por cada voto, os mesmos Políticos, ajustam a Lei, à sua maneira.

Realmente, continuo a não entender que tipo de Democracia é esta, onde uma minoria tem todos os PRIVILÉGIOS e os restantes Cidadãos, cada vez têm menos!?

Se, pelo menos, durante a Campanha Eleitoral, nos falassem a verdade, ainda tinham uma pequena percentagem de desculpa.

Para mim, se houvesse, de facto, união, nas próximas Eleições, ninguém ia votar, para ver se estes Senhores, de uma vez por todas, respeitavam o Zé pagante.
Laranjeiro, 15-06-2015

Unknown disse...

Penso e tenho a certeza que isto é um escândalo. Uma afronta a todo o povo Português.
Para uns exigem sacrifícios cada dia maiores, mas para os parlamentares e para os políticos já nada disso se impõe.