quinta-feira, 9 de julho de 2015

SOLIDARIEDADE PARA COM O POVO GREGO

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 Imagem retirada do Google
 
Sinceramente, gostava de compreender os entusiásticos apoiantes do partido Syrisa e do seu Governo. É verdade, gostava muito, porque isso significaria que eu admitia que os syrizistas têm razão. Infelizmente, não é isso que eu penso e por isso mesmo não posso concordar com esse apoio  porque entendo que os dirigentes do partido de extrema esquerda não foram responsáveis durante a campanha eleitoral e continuam a não sê-lo, agora na qualidade de governantes.
 
Não está em causa ser solidário para com o povo grego que não tem culpa dos crimes económicos que foram cometidos na Grécia pelos sucessivos governos e que levaram a esta gravíssima situação de bancarrota, mas não posso alinhar com os apoiantes syrizistas portugueses, porque sempre honrei os meus compromissos, muitas vezes, à custa de desumanos sacrifícios e privações mas nunca deixei de cumprir. Não há desonra maior do que não cumprir a nossa palavra. Quem o faz, perde o respeito e a credibilidade e passa a ser considerada uma pessoa desonesta, sem honra.
 
Honrar a palavra dada e assumir integralmente os seus deveres e compromissos, distingue os homens de forte carácter daqueles que o não têm.
 
Portugal, por culpa dos sucessivos governantes da era democrática, viu-se caído em desgraça e envolvido num doloroso "programa de resgate" que empobreceu os portugueses e lhes roubou a esperança e a alegria de viver. Centenas de milhar de famílias atingiram situações horríveis de desespero, por perderem os empregos, por não poderem pagar a prestação da casa e, pior do que isso, por não terem meios de sobrevivência.
 
O Governo português, à custa da monstruosa austeridade que impôs ao povo durante 4 anos, conseguiu honrar os compromissos com os credores e recuperar a credibilidade que o País havia perdido perante os parceiros europeus, a Europa e o Mundo.
 
Perante tão dramática situação dos portugueses neste período, onde esteve a solidariedade dos nossos parceiros? Que ajudas recebemos? Que eu saiba, nenhuma. Ficámos entregues a nós próprios e tivemos que fazer das fraquezas forças para podermos avançar e sair da situação económica dramática em que nos encontrávamos. Felizmente que conseguimos e não passámos pelo triste e miserável espectáculo que os gregos estão a viver com os bancos encerrados, os hospitais inoperacionais, bem como todos os sectores de actividade, com a população em grande desespero.
 
Numa situação económica tão dramática, não se compreende que os gregos usufruam de regalias sociais superiores às dos portugueses, a começar pelo ordenado mínimo que é de 684 € e que Tsipras quer repor nos 751 €, contra 505 € dos portugueses (mais 179 €). Já lhes foi perdoada uma enorme fatia da dívida (100.000 milhões de euros), uma verba superior a todo o empréstimo concedido a Portugal (78.000 milhões de euros) e já se fala em perdoar mais 50.000 milhões de euros, para além de estar na forja a renegociação da dívida e o alargamento dos prazos.
 
Se Portugal tivesse beneficiado de um perdão desta magnitude, os portugueses não teriam sido vítimas de tão trágica austeridade. Solidariedade sim, mas responsabilidade também. Ninguém está disposto a ser solidário com alguém que viveu à "grande e à francesa", à custa da solidariedade dos outros.
 
O partido Syrisa ganhou as eleições na Grécia à custa de promessas absolutamente irreais, dada a situação de bancarrota que o País vivia. Cavalgou a onda da irresponsabilidade e agora está a colher os frutos da sua actuação leviana e aventureira, em negociações dificílimas com os parceiros europeus que não estão disponíveis para continuar a injectar dinheiro nos cofres gregos sem obterem uma garantia de que o governo grego vai realizar reformas profundas para reabilitar a economia e garantir o retorno dos empréstimos.
 
No fundo, o Primeiro Ministro Alexis de Tsipras, se chegar a concretizar um acordo que garanta um novo empréstimo e mantenha a Grécia na Zona Euro, será através de significativas cedências e recuos sobre as promessas eleitorais, situação que representa uma clara condenação da visão e das políticas de extrema esquerda, encarnadas pelo Syriza, que teve a veleidade de imaginar que se podem fazer omeletes sem ovos. Em suma, será uma humilhante desautorização.
 
Se simpatizo com o povo grego? Claro que simpatizo, tal como simpatizo com todos os povos do mundo. Mas este problema é do povo grego, ao qual cabe tomar as medidas necessárias para o resolver. Pessoalmente, fui obrigado a contribuir com milhares de euros para ajudar Portugal a resolver os seus problemas. Não é justo pedirem-me mais sacrifícios para ajudar outros povos quando tenho família e amigos a necessitar da minha ajuda.
 
Solidariedade sim, mas para aqueles que têm a humildade de reconhecer que erraram e estão dispostos a tomar medidas para rectificar esses erros.
 
Governar um País não é a mesma coisa que presidir a um Partido de extrema esquerda e estar sempre na cómoda situação da oposição, contra tudo e contra todos. Governar um País exige bom senso, tomar medidas, resolver os problemas, dialogar, ser flexível e ter a capacidade de colocar de parte as ideologias extremistas para adoptar as políticas que melhor sirvam o País e os cidadãos. Alexis de Tsipras não fez isso e por isso está a ter grandes dificuldades em chegar a acordo com as Instituições Credoras e com os parceiros europeus que não estão dispostos a passar-lhe um cheque em branco.
 
Apesar de tudo, desejo que a Grécia continue a fazer parte da grande família europeia, fazendo parte integrante do grupo dos 28 Estados membros.

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Efectivamente, não se podem fazer Promessas para que outros as venham a pagar.

De facto, o grande capital não tem culpa que os Governos Portugueses, Irlandeses e Gregos, tenham desgovernado os respectivos Países em vez de os terem governado.

Porém, uma coisa é certa: Se a Grécia sair do Euro e da CE, adeus controle, pelos USA e pela Europa, daquela Zona estratégica.

Ninguém se acredite que, se a Grécia for empurrada para fora da Europa, não se vai virar, de imediato, para a China ou para a Rússia!

Por outro lado, ainda, eu e Milhares e Milhares de Portugueses, para este Governo chegar onde chegou, estamos a viver com grandes dificuldades, pagando vários BURACOS FINANCEIROS, que não fizemos.

Numa coisa, a tal Esquerda, tem razão: O que estes Senhores, fizeram a Portugal, Irlanda e Grécia, não é ajuda nenhuma.

Ajuda era sim, emprestarem dinheiro a um Juro que se pudesse pagar, sem tantos sacrifícios, impostos aos que não têm nem tiveram culpa destas situações.

Será que é justo, emprestarem dinheiro à Grécia, exigindo, neste momento, em alguns Prazos, 51%!!!!!??????

Será que é justo, as Agências que, por interesses económicos, sobem e descem a classificação das Dívidas Soberanas, dos Países, continuarem a ter a nossa Classificação, na zona do LIXO?

O Exmo Senhor Autor, já reparou no que acontecia, em Portugal, se essas Agências nos dessem a classificação que já nos deviam ter dado há muito tempo?

Quem é que investe num País com o RATING da Dívida, no nível LIXO?

Eu não me acredito nestes métodos, em que paga o justo pelo pecador.

Eu acredito-me, isso sim, no método de pagamento de Dívidas, como o que cozinharam para a Alemanha, na segunda Guerra Mundial.
Laranjeiro, 10-07-2015