quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

MORREU O DR. MÁRIO SOARES - AINDA NÃO OUVI VOZES DISCORDANTES


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Imagem retirada do Google

MÁRIO ALBERTO NOBRE LOPES SOARES (MÁRIO SOARES), deu entrada no Hospital da Cruz Vermelha no dia 13 de Dezembro em situação muito crítica, tendo passado a maior parte dos dias de internamento nos cuidados intensivos. Apesar de todos os esforços e cuidados médicos, na tarde de 7 de Janeiro, pelas 15,30 horas, o seu coração deixou de bater e foi declarado o seu óbito.

MÁRIO SOARES nasceu a 7 de Dezembro de 1924, em Lisboa, acabando por falecer também em Lisboa, no dia 7 de Janeiro de 2017, aos 92 anos de idade, completados no dia em que faleceu, depois de um percurso político absolutamente intenso e brilhante, antes e depois da ditadura. A história se encarregará de atestar o seu passado antifascista e reconhecer o "peso" da sua participação na governação do Portugal democrático.

Ao longo das últimas quatro décadas foi rei e senhor em Portugal, tendo desempenhado os mais altos cargos do Estado: para além de fundador do Partido Socialista e seu Secretário Geral, Mário Soares foi, na era democrática, Deputado, Ministro, Primeiro-Ministro, Conselheiro de Estado, Deputado Europeu e Presidente da República. Esteve envolvido em muitas polémicas e nem sempre as suas decisões foram as mais acertadas.

Por tudo isso e não obstante a sua proeminência e relevância política, devido a tais decisões, Mário Soares fabricou imensos inimigos ao longo da sua extensa carreira política. Porém, como que por magia ou ataque de amnésia, após a morte, todas as pessoas lhe cantaram hosanas e lhe atribuíram as maiores referências elogiosas, distinguindo-o como o "maior" entre os maiores. Enfim..., amigos e inimigos foram unânimes nos elogios ao morto, concedendo-lhe atributos e predicados que nunca lhe reconheceram em vida.

Eu não vou alinhar no beija-mão nem no politicamente correcto. Embora reconheça algum mérito ao homem político,  não posso deixar de discordar e censurar muitas das decisões que tomou enquanto governante, em nome do Estado Português, porque lesaram os interesses do Estado e dos portugueses e causaram tragédia e desgraça a cerca de 3 milhões de pessoas.

Abomino a política e os políticos. Tenho pensamento próprio e sou totalmente independente. Sempre ganhei a vida com honestidade e muito trabalho. Nunca me deixei "comprar" nem nunca me "vendi". Não devo favores a ninguém. A minha opinião resulta de uma análise serena e objectiva, fundada em factos concretos vivenciados ao longo de quatro décadas.

Sobre o político e governante Mário Soares, lamento que não tenha utilizado o poder que exerceu durante tantos anos, bem como toda a sua sagacidade, fluência e facilidade em gerar consensos e entendimentos para realizar uma descolonização que prestigiasse Portugal e servisse os interesses das populações das ex-Colónias. Se o tivesse feito não teria pactuado com a traição aos acordos do Alvor; não teria ajudado uma das partes (o MPLA); não teria permitido que os militares portugueses estacionados em Angola e Moçambique para proteger a população portuguesa, fossem desarmados e obrigados a entregar as armas aos movimentos guerrilheiros da sua simpatia (o MPLA e a FRELIMO), tendo-se assistido posteriormente  a uma brutal caça ao homem. Milhares e milhares de pessoas foram presas, torturadas e fuziladas, sem culpa formada, nada mais restando a quem quis salvar a pele, senão esconder-se e fugir como e quando pôde, a pé, de carro, de barco ou de avião, para os mais diversos pontos do mundo, longe daquele horror de ódio e perseguição, para iniciar uma nova vida a partir do nada.

A actuação negativa de Mário Soares e seus pares no processo de descolonização provocou milhares de mortos e arruinou a vida de mais de 2 milhões de pessoas que perderam todos os seus bens e muitas, até os seus entes mais queridos. Os chamados "retornados" jamais lhe perdoarão, nesta e na outra vida, tão desumana leviandade no trágico processo da descolonização e nunca irão esquecer algumas frases depreciativas e  pejorativas que lhes dirigiu, tratando-os como portugueses de segunda ou terceira categoria.

Mas a leviana descolonização de Mário Soares e seus pares ainda gerou outras terríveis consequências para a população de Angola e Moçambique que sofreram os horrores da guerra civil durante 27 anos, no caso de Angola, com mais de 500 mil mortos, 4 milhões de deslocados e dezenas de milhar de amputados. Moçambique viveu 15 anos de guerra civil e foram contabilizados mais de um milhão de mortos, 5 milhões de deslocados e também dezenas de milhar de amputados.

Em 2009 li o livro de Rui Mateus "CONTOS PROIBIDOS" MEMÓRIAS DE UM PS DESCONHECIDO que revela as "façanhas" de Mário Soares e seus acólitos entre as décadas de 70 e 90. Depois de ler o livro, fiquei ainda mais desapontado com Mário Soares e, por esse motivo e pelas razões expostas neste post, detestava Mário Soares, o qual em vida devia ter demonstrado maior empenho e patriotismo na defesa dos interesses de Portugal e dos portugueses e maior distanciamento dos seus próprios interesses e das clientelas políticas. A arrogância que sempre evidenciou, roubou-lhe o discernimento, a sensibilidade e o bom senso que seriam necessários para praticar acções mais altruístas e humanitárias.

Lembro-me também como foi dolorosa a adesão e entrada na CEE. 1 € custou a cada português 200 escudos mais 48,2 centavos. Antes da entrada no euro tomava um café por 30/35 escudos e tomava uma refeição por 400/450 escudos e passado uma semana comecei a pagar 70/80 escudos por um café e 950/1.000 escudos pela refeição. A moeda portuguesa rivalizava com a espanhola, era uma moeda forte, bem protegida, com cerca de 1.000 toneladas de ouro  na casa forte do Banco de Portugal e uma Banca sólida mas, infelizmente, com a entrada na CEE ficou a valer muito menos, aquém do seu real valor e tudo se desmoronou: o ouro foi delapidado e os bancos faliram. Os portugueses foram muito penalizados e os seus interesses pessimamente defendidos pelos arautos da integração, comandados por Mário Soares.

E se olharmos para os contributos sociais de Mário Soares no período democrático, verificamos que há reformas de miséria, o mais baixo salário mínimo dos países da CEE, 1 milhão de portugueses sem emprego e centenas de milhar de famílias a viver no limiar da pobreza, sendo o acesso ao emprego, habitação, saúde, educação e justiça, cada vez mais difícil para a maioria dos portugueses.

Tenho esperança que surjam portugueses cultos, honestos e patriotas, capazes de fazer bem melhor no desempenho de altos cargos do Estado.




1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Efectivamente, tanto no plano político como nos restantes, nunca vi tanta hipocrisia!

Como é que Pessoas de todas as Áreas da Sociedade que, em vida, diziam tão mal do Dr Mário Soares, agora, lhe vêm fazer largos elogios!

Como todos os Cidadãos, teve coisas boas e coisas más.

Como lógico que é, se todos os Portugueses quiserem, imparcialmente. analisar a Descolonização exemplar, têm que concluir que, de exemplar não teve, absolutamente, nada.

Ela prejudicou os de lá e os de cá, e de que maneira!!!

A mim, até com um Decreto que sua Excelência mandou publicar sobre quem podia ser ou não ser Funcionário, antes e depois do vinte e cinco de Abril, me prejudicou.

Por ou lado, infelizmente, pelo menos nos meus dias, também não espero melhor.

No que a Dirigentes diz respeito, estamos iguais à Europa, ou seja, sem Homens de barba rija, que nos governem.
Laranjeiro, 15-01-2017