sábado, 24 de novembro de 2012

O PROCESSO "FARSA" OCULTA


IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE

Por se tratar de um processo judicial em que estão envolvidas altas figuras da vida pública portuguesa, tenho acompanhado o desenrolar dos acontecimentos com algum interesse e, tal como eu previa, embora neste momento ainda não haja qualquer sentença proferida, o resultado do megaprocesso pode ser uma desilusão e mais um rotundo fracasso da justiça à portuguesa.
 
Os arguidos, todos eles com grande poder e influência, arrolaram para testemunhar em seu abono, as mais proeminentes figuras do reino, conscientes de que as suas declarações abonatórias irão surtir o efeito desejado junto dos magistrados.
 
Almeida Santos, por exemplo, um dos gurus do Partido Socialista e amigo pessoal do arguido foi ao Tribunal de Aveiro descrever Armando Vara como um homem honesto, com um currículo profissional notável, tendo sido administrador bancário, deputado, secretário e ministro-adjunto do primeiro-ministro, vice-presidente do Millennium BCP, exercendo atualmente o cargo de Presidente do concelho de administração da Camargo Corrêa África para as atividades da empresa brasileira em Angola e Moçambique.
 
Oh Dr. Almeida Santos, o que é que interessa o notável currículo profissional de Armando Vara para o caso? E que credibilidade têm as suas declarações abonatórias, tendo em conta as ligações de amizade e afinidades políticas com o arguido resultantes de longos anos de militância no mesmo partido?
 
Se interpretarmos à letra as suas declarações, sr. presidente honorário do Partido Socialista, concluímos que só os indivíduos sem currículo são capazes de cometer os crimes de que está acusado o sr. Vara!

É fantástica a sua lógica, isenção e sentido de justiça! De tanto querer ajudar o amigo, não se importa de "abonar em causa própria", esquecendo-se até que os maiores crimes cometidos em Portugal são praticados por essa gente com currículos profissionais notáveis, precisamente porque o SISTEMA lhes concede tratamento privilegiado e acessos facilitados que os sem/currículo não têm.

Pelo Tribunal de Aveiro têm desfilado todos os nomes sonantes do Partido Socialista, atestando a honestidade do seu membro. É sempre assim em Portugal, de cada vez que um elemento de qualquer "família" política cai em desgraça e, infelizmente, porque não há independência do poder judicial, o peso das suas declarações acaba por ter importância decisiva no veredicto dos magistrados que quase sempre se rendem, não aos testemunhos mas às personalidades que os fazem e, normalmente, absolvem os culpados.

O sr. Manuel Godinho fez fortuna à custa dos favores fraudulentos cometidas por personalidades com currículos profissionais notáveis, no desempenho irresponsável das suas funções ao serviço do Estado e em troca, o empresário sucateiro, usou da sua generosidade e distribuiu parte dos lucros pelos diversos agentes que lhe facilitaram a vida, em prendas valiosas, nomeadamente, carros topo-de-gama, jóias, canetas, celulares, relógios, férias, dinheiro vivo, etc.
 
No caso de Armando Vara, pelos vistos, o Ministério Público deve ter-se equivocado e cometido uma grande injustiça  ao inventar os três crimes de tráfico de influências, pelos quais o Juiz Carlos Alexandre decidiu levá-lo a julgamento. O homem continua a declarar a sua inocência, dizendo que apenas recebeu uma caixa de robalos e outra de pão-de-ló de Ovar, das mãos do Sr. Manuel Godinho quando este lhe fez uma visita de cortesia em Vinhais, esclarecendo que na ocasião também lhe ofereceu uma caixa de alheiras, retribuindo a gentileza.

Em Portugal, constata-se com muita frequência que governantes e altas personalidades do Estado se servem dos importantes cargos que desempenham para usarem e abusarem dos poderes que lhes são conferidos em benefício próprio, fazendo todo o tipo de negociatas fraudulentas em benefício próprio que prejudicam o Estado.

Depois, quando os seus esquemas criminosos são descobertos e a justiça toma conta dos processos e  os incrimina, vêm a terreiro desdobrar-se em entrevistas na comunicação social, sempre disponível e de portas abertas para acolher esses senhores, chorar baba ne ranho, negar e jurar que nunca fizeram nada do que estão acusados e que tudo não passa de uma cabala orquestrada pelos adversários políticos.

Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele e quem não quer ser incomodado pela justiça deve comportar-se como uma pessoa de bem, cumprindo com empenho, zelo e honestidade as funções públicas que lhe estão conferidas. As pessoas que prevaricam, que cometem crimes, deviam ter pelo menos a coragem de os admitir quando são confrontados em tribunal sobre juramento.

Vergonhosamente, assistimos frequentemente nos nossos tribunais a julgamentos em que não raras vezes as sentenças favorecem os criminosos, os prevaricadores e penalisam as pessoas  que foram prejudicadas e reclamaram justiça.

Eu sou de opinião que este processo "Farsa" Oculta e outros designados de "colarinho branco", depois de julgados, deviam ser publicados em livro para que todos os portugueses pudessem tomar conhecimento e divertir-se com os hilariantes e rocanbolescos episódios que arguidos e testemunhas relatam nas audições.

Posto isto, há que ter um pouco mais de paciência e aguardar o desfecho deste megaprocesso, para ver se contraria as minhas espetativas e as da generalidade dos portugueses.

  

2 comentários:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

O Nome "FARSa OCULTA" acenta, que nem uma luva, neste Processo!!!!!!!

De facto, levar aquele Senhor Dr, como Testemunha, a Tribunal, não tem o menor fundamento!! Só, mesmo, neste País!

Real e efectivamente, eu não compreendo porque é que só a CULPA dos fracos, é,sempre, provada em Tribunal!!!!!!!

Não podiam, pelo menos, em Portugal, ter escolhido pior Símbolo (Balança) para a Justiça!!!!!!!

Lembrei-me de uma coisa: Será que a Balança, em Portugal, está AVARIADA?
Laranjeiro, 25-11-2012



Unknown disse...

Perante o exposto só posso dizer o seguinte: Acho que está na hora de passar das palavras aos actos, REVOLUÇÃO A SÉRIO