terça-feira, 26 de março de 2013

UMA SENTENÇA SURPREENDENTEMENTE CONTRADITÓRIA!


IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE

Para quem estava à espera de uma sentença que tivesse em conta a prova produzida em tribunal pelas vítimas que sofreram abusos na casa de Elvas, as quais foram capazes de identificar o percurso  e até as instalações já depois de sofrerem alterações significativas no seu interior, o veredicto foi uma decepção. 
O colectivo de juízes da 8ª Vara Criminal de Lisboa, presidido pela juíza Ana Peres, considerou que "não foram provados em audiência de julgamento os factos constantes da acusação", factos esses que já tinham sido dados como provados no primeiro julgamento do processo.
Porém, nesta sentença, há algo que não soa bem e me faz bastante confusão. Afinal, neste julgamento, relativo apenas aos crimes praticados na casa de Elvas, também ficou provado que um dos arguidos praticou os crimes de que estava acusado, tendo sido fundamental para a sua absolvição o facto de os mesmos  juízes terem agora concluído  que os mesmos já teriam ocorrido em Janeiro de 2000 e não em finais de 1999, como tinha ficado provado no primeiro julgamento.
Como é normal, esta sentença não impede as pessoas de pensarem pela sua própria cabeça e de se questionar: Se relativamente ao arguido absolvido ficou provada a utilização da casa de Elvas e a prática dos crimes, então é porque as vítimas falaram verdade sobre os acusados e o que lá se passou não é ficção nem fantasia de crianças e seria válido para todos.
Nesse sentido, é lógico perguntar: Porque foram absolvidos todos os arguidos se de facto foi provado no primeiro e no segundo julgamento que os factos ocorreram no interior da habitação da casa de Elvas, confirmando os relatos das vítimas? 
As esclarecedoras declarações prestadas pelo Senhor Carlos Silvino no início do processo sobre a casa de Elvas, afirmando que eram frequentes as idas e explicando detalhadamente como tudo se processava e quem a frequentava, não deixaram dúvidas a ninguém.
Por outro lado, quem seguiu minimamente o processo e ouviu o Senhor Silvino e as vítimas de um lado e a versão dos acusados do outro, pôde tirar, ao longo do processo, algumas dúvidas que pudessem subsistir e ficar com uma ideia clara de que lado estaria a razão.
Da mesma forma, também acredito que o colectivo de juízes, ao longo de centenas de audiências, ouvindo acusadores e acusados e tomando contacto com a imensa documentação de prova e contra/prova apensa ao processo, pôde tirar todas as dúvidas para proferir uma acertada sentença.
O que aconteceu ontem no Campus de Justiça de Lisboa, lá para os lados do Parque das Nações, não é para ser entendido por cidadãos normais e medianamente inteligentes como eu. Entender uma decisão tão contraditória, só está ao alcance de seres humanos superdotados e com formação específica na área da justiça.

Este processo podia ter sido um exemplo para todos quantos se dedicam a práticas pedófilas, as quais constituem, em meu entender, crimes horrendos e sem perdão e não foi. Estamos a falar de crianças inocentes e indefesas obrigadas a praticar actos sexuais e a guardar silêncio, através de intimidações e ameaças dos seus carrascos.

Ao longo do processo foram referidos dezenas de nomes de pedófilos das mais diversas áreas da vida pública portuguesa mas muitos nem chegaram a ser constituídos arguidos e outros que o foram, por serem poderosos, conseguiram romper as frágeis malhas da justiça e alcançar a liberdade relativamente à justiça dos homens mas não em relação à sua consciência e à Justiça de Deus.

"Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele". Quem comete crimes deve pagar por eles, independentemente de quem os pratique, porque a justiça deve ser cega, surda e muda, precisamente para actuar com equidistância e ser equitativa e justa. Quando isso não acontece, é muito mau para a justiça e um terramoto arrasador para as vítimas.
 

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

Com tanta demora, era de esperar, este resultado!

Quando se quer, de facto, fazer justiça, os Processos não podem demorar esta eternidade!

Se isso acontece, alguma coisa de anormal, se está, infelizmente, a passar.

Há,ainda, entre muitas, uma coisa que eu nunca compreendi: Se o caso Casa Pia, envolvia altas figuras, sobretudo da Área Política, porque é que só processaram estes Senhores?

O que esteve ou está,realmente, por trás desta Acção Judicial?

Pode ser que, um dia, venhamos a saber!!!

Uma coisa é certa: As Crianças não mentem.
Laranjeiro, 26-03-2013