segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ENQUANTO OS BURACOS DAS "TOUPEIRAS" NÃO FOREM TAPADOS, NÃO FAZEM SENTIDO AS REIVINDICAÇÕES DO POVO

Imagem retirada do Google

Nestes 40 anos de regime democrático, está mais que provado que ao povo apenas chegam, em cada ano, as migalhas sobrantes do Orçamento de Estado (OE). Durante todo este período, só as classes dominantes tiraram proveito do regime instaurado em 25 de Abril de 1974, uns enriquecendo com os lucros chorudos das suas empresas, à custa de negócios vantajosos e fraudulentos com o Estado e outros, auferindo remunerações milionárias e toda a espécie de mordomias que muito sinceramente não merecem, constituindo um enorme insulto e uma gravíssima afronta aos ordenados de miséria e à vida difícil do povo português.
 
O povo reivindica melhores salários, emprego, saúde, educação e habitação, através de inúmeras manifestações ao longo do ano.  Mas como alcançar sucesso em tais reivindicações se apenas pode contar com as migalhas do OE? Como posso eu tirar da minha despensa azeite e arroz e outros géneros alimentícios, se ela está vazia?
 
O que o povo deve reivindicar em primeiríssimo lugar, é o controlo dos gastos com essas classes dominantes, não permitindo que aufiram ordenados milionários e mordomias escandalosas. Se o povo estancar essa vergonhosa sangria que asfixia e delapida as finanças públicas, então poderá aspirar a uma repartição mais equitativa do OE. Enquanto isso não acontecer, de nada adiantam as manifestações e as reivindicações, as quais redundam sempre em prejuízo do próprio povo.
 
Em nenhum País da Europa existe uma diferenciação tão grande entre as diversas carreiras profissionais e os diferentes graus académicos. É preciso que o povo se imponha e exija rapidamente uma maior equidade na retribuição do trabalho de cada um e ponha fim às mordomias de quem já tem muitos outros privilégios.
 
Não faz sentido que a grande maioria dos trabalhadores portugueses sejam obrigados a cumprir rigorosamente o horário de trabalho, no inverno ou no verão, quer chova, faça frio ou calor, a pé, de transporte próprio ou público, para ganhar mensalmente um ordenado de miséria, enquanto essas classes dominantes, para além de não cumprirem horário de trabalho, têm à disposição carro e chauffeur, secretária, ajudas de custas, rendas de casa, telefone e alguns até possuem cartão de crédito golden para gastar o dinheiro dos contribuintes, à fartazana, nas mais insólitas extravagâncias e, claro, em viagens e refeições nos melhores e mais caros restaurantes.
 
É esta pouca vergonha que o povo tem que travar, a bem ou a mal, caso contrário, nunca sobrará uma parte importante e digna do OE para satisfazer as suas justas reivindicações. Num País de pobres, é imperioso acabar com a luxúria sumptuosa de uns quantos, à custa da exploração da maioria, e obrigar o Estado a tratar uns e outros em pé de igualdade, com o mesmo respeito e dignidade.
 
Para elucidar melhor os leitores acerca do sorvedoiro das finanças públicas pelos abutres do regime democrático, deixo-vos este exemplo que é, ao mesmo tempo, uma história verídica:

"Com os meus 10/11 anos já trabalhava arduamente no campo, ajudando os meus pais na agricultura. A mim, para além de muitas outras tarefas, cabia-me regar a horta pelo menos duas vezes por semana e ai de mim se o não fizesse... A horta distava do poço de onde tirava a água a balde, cerca de 60/70 metros, através de um engenho chamado picota, mas também conhecido pelo nome de picanço, cegonha, balança, burra, varola e muitos outros nomes, consoante a região do País.
 
Por vezes, depois de já ter tirado 40/50 baldes de água, ia ver se já tinha chegado à horta e constatava com grande desânimo que a mesma não tinha percorrido mais do que 10/15 metros, perdendo-se nos inúmeros buracos feitos pelas toupeiras ao longo da vala, não detectáveis na prévia inspecção feita ao percurso. Só depois de eliminar todos os buracos das toupeiras conseguia, finalmente, fazer chegar a água ao destino e regar a horta.
 
No OE acontece a mesma coisa: enquanto o povo não for capaz de tapar todos os "buracos" (acabar com o compadrio e os  favorecimentos, corrupção, ordenados e mordomias escandalosas e responsabilizar criminalmente todos quantos prejudiquem o Estado), a receita do OE perder-se-á pelos imensos "buracos" das "toupeiras" e jamais chegará ao seu principal destino que é, sem dúvida, a maioria dos trabalhadores portugueses.

 

2 comentários:

Unknown disse...

Pois é meu amigo,mas as leis estão do lado deles e são eles que as fazem ou as alteram em proveito próprio.
Hoje já não é um curso superior que dá estabilidade na vida,mas ser político,ser aldrabão e ganancioso.
Isto já não é democracia mas uma grande roubalheira. Ao poder chegam os mais espertos mas também os mais pobres de valores humanos e sociais.

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, para o que estes Corruptos têm feito, fazem e continuarão, se não se lhes aplicar um travão de alta eficiência, a fazer, deu o melhor exemplo que pode existir!!!!

No seu caso, a Água só havia percorrido 10/15 metros, neste caso, o OE corre, à velocidade da da Luz, para os bolsos de todos (Leia-se Classe Governante, Amigos e Familiares) e não para quem o tal OE deveria ser direcionado, ou seja, para quem, de facto, precisa.

Os Políticos, pós vinte e cinco de Abril, também foram, no mesmo Dia, à bruxa!

Só assim se compreende, tanta e durante tantos Anos, passividade dos Portugueses!!!!

Até a Classe Média, que é a única que, normalmente, nesta triste e lamentável situação, faz alguma coisa, está completamente estática e adormecida!!!!!!

Existe alguma coisa, que eu não consigo definir,que está a originar tanta falta de ação, dos Portugueses!!!!!!

Realmente, quando um Indivíduo entra de Scooter (Morte de Pés Juntos) e sai de Mercedes, Topo de Gama, e ninguém age a este Tipo de provocações, está tudo dito!!!

É o deixa andar, na sua máxima força!!!

Apetece-me escrever, mais uma vez: "Cada Povo tem aquilo que merece".
Laranjeiro, 16-09-2014