quarta-feira, 24 de junho de 2015

PODERIA TER SIDO EVITADA A PRIVATIZAÇÃO DA TAP, METRO E CARRIS?


Imagem retirada do Google

A decisão do actual governo privatizar a TAP, a CARRIS e o METRO, por razões de ordem económica, está a ser fortemente contestada pelos Sindicatos do Sector e pelas forças políticas da oposição.
 
De facto, nem sempre a alienação de património por parte do Estado poderá ser considerado um bom acto de gestão mas quando estão em causa a transportadora aérea nacional que sempre gozou de grande confiança e credibilidade a nível mundial e a Carris e o Metro, as duas grandes empresas de transporte de passageiros nas duas maiores cidades do País, só em circunstâncias financeiras muito graves, essa alienação terá alguma atenuante ou razão de ser, o que parece ser o caso.
 
A TAP está numa situação de falência, com uma dívida acumulada no final de 2014 de 1.062 milhões de euros e sem meios para renovar e ampliar a sua frota de aviões, de forma a poder dar resposta às necessidades das actuais rotas e, numa perspectiva de crescimento, a curto prazo, ampliá-las.
 
Quanto à Carris e ao Metro, os seus deficits ascendem a dezenas de milhões de euros anuais, os quais são suportados pelo Estado com as receitas dos impostos cobrados aos portugueses.

Sindicatos e trabalhadores do sector dos transportes, contestam as privatizações e como forma de protesto, têm levado a cabo inúmeras greves. Mas atenção, muito antes de se falar em privatização, os sindicatos do sector dos transportes, sempre fizeram greves, sendo mesmo o sector de actividade em Portugal, atrevo-me a dizer, que mais greves realizaram desde 25 de abril de 1974.

De facto, a greve é um direito consagrado na Constituição mas há muita gente, inclusive eu, que não concorda com elas, porque penalizam a dobrar quem não tem culpa, o cidadão trabalhador, que num primeiro momento se vê privado do transporte que já pagou e a seguir, é também obrigado a pagar a factura correspondente aos prejuízos causados, na medida em que, sendo empresas do Estado, o contribuinte é que paga a factura. Por outro lado, se nos lembrarmos que a maioria dos trabalhadores portugueses não tem as mesmas condições para fazer as greves e reivindicações que são feitas no sector dos transportes públicos, tal situação representa uma flagrante desigualdade, bem patente nas remunerações que uns e outros auferem no final de cada mês.

Há ainda uma nota que considero muito desagradável, já que a mesma demonstra falta de sensibilidade e solidariedade dos sindicatos e trabalhadores dos transportes, os quais durante o período difícil (2011/2014) em que Portugal esteve intervencionado e governado pela Troika, vergado ao peso de uma austeridade insuportável, com dezenas de milhar de empresas falidas e centenas de milhar de cidadãos (homens e mulheres) a perder o seu emprego, continuaram nas suas lutas egoístas e mesquinhas, para melhoria dos seus salários, pouco se importando com o desemprego que arruinou a vida de tantos milhares de trabalhadores como eles e completamente indiferentes às dificuldades e prejuízos causados a esses trabalhadores e ao Estado, de cada vez que decidiam fazer greve.

Onde esteve, nesse período, a solidariedade dos sindicatos e dos trabalhadores do sector dos transportes para com os seus congéneres que por todo o País ficaram sem emprego?

E nesse período difícil, o Estado não deveria ter contado com uma trégua patriótica dos sindicatos e dos trabalhadores do sector dos transportes,  não permitindo que a "luta política" se sobrepusesse aos superiores interesses de Portugal e dos portugueses?

Afinal, naquele período difícil, os trabalhadores dos transportes, ao contrário de muitas centenas de milhar, mantiveram os seus postos de trabalho e receberam religiosamente os seus salários no final de cada mês, por sinal, uma remuneração simpática e atractiva que a maioria dos trabalhadores portugueses não aufere.

Nesse sentido, creio que o actual processo de privatização em curso, se deve também, em parte, à actuação leviana e desmesuradamente reivindicativa dos sindicatos e dos trabalhadores do sector dos transportes ao longo dos anos e, mais concretamente, nesta conjuntura de grave crise económica em que o País tem estado mergulhado, pois tenho a certeza que uma actuação mais colaborante,  ponderada e patriótica, teria evitado a alienação destas importantes empresas do Estado.

Por manter a minha independência política ao longo dos anos, sempre pude expressar livremente o meu pensamento, dizendo aquilo que em cada momento me pareceu mais equilibrado e justo. Desde sempre fui contra as greves porque entendia que elas obedeciam a motivações políticas e entendia também que causavam muitos mais problemas e prejuízos ao cidadão comum do que ao patronato. Por essa razão, nunca aderi a nenhuma paralisação decretada pelos sindicatos do sector das finanças, onde pertencia. Foi também por pensar desta maneira que nunca me filiei em nenhum sindicato ao longo dos 38 anos de serviço prestado ao Estado.

Sinceramente, na altura, em alguns momentos, cheguei a ter dúvidas acerca do meu procedimento e, por vezes ficava angustiado. Porém, os anos decorridos, vieram esclarecer o meu espírito e dar razão a esse meu procedimento e ao meu pensamento de então, de tal forma que, se por hipótese, fosse possível voltar a percorrer o mesmo caminho, fazia tudo o que fiz, agora com mais certezas e convicções.

Para amadurecer esta minha forma de estar na vida, bastou prestar alguma atenção ao papel subserviente desempenhado pelos sindicatos portugueses face ao poder político. Na maioria das greves, os interesses políticos e partidários sobrepõem-se aos interesses dos trabalhadores, os quais não passam de meros "bonecos articulados" nas mãos dos hábeis políticos e dirigentes sindicais.

As coisas más acontecem porque alguém não actuou de forma empenhada e competente. Nesta história da privatização das empresas do sector dos transportes, parece-me que os sindicatos não saem de cena isentos de culpas.

1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor
Autor,

Apesar de, nem de longe nem de perto, concordar com estas Grevindicações, só depois de saber se impõem a Espanha, Itália, Alemanha e França,por exemplo, as mesmas limitações no que ao financiamento destas Empresas diz respeito, é que posso aprovar ou não aprovar, estas vendas, ao desbarato!!!!

De facto, vamos continuar a pagar os mesmos, ou mais, impostos e ficamos sem nada.

Alguém se acredita nos argumentos dos Compradores e do Governo? Eu não me acredito.

Nas, o GOLPE final, para nós, vem a caminho. Quando privatizarem as Águas de Portugal, há-de haver casos em que a Água vai aumentar mais de 1000%!!!!

Aqui, deste lado, a Água ainda não foi privatizada e já paguei, em Junho, o dobro do que paguei em Maio!

Isto não é de minha autoria. Foi um Senhor de origem Alemã que lançou um apelo, na Internet, a alertar as Populações com o que se está a passar no Norte de Portugal, com a Privatização das águas!

Quanto, ainda, às GREVINDICAÇÕES dos Transportes, quem me dera, quando trabalhava, ter, só, 10% das regalias que eles têm!!

É lógico, racional e intuitivo que, essas REGALIAS, apesar do que dizem os beneméritos Compradores, vão, praticamente, acabar todas.

Esta, pura, realidade é a causa do medo dos Trabalhadores da TAP, Metro e Carris.

Eles não têm pena de nós. Eles tem pena, isso sim, de perderem estes PRIVILÉGIOS, em relação aos restantes Trabalhadores Portugueses!

O que se passa na Carris, é um verdadeiro escândalo, e isso, além dos despedimentos, vai acabar.
Laranjeiro, 24-06-2015