sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

MATADOUROS PARA HUMANOS NO INTERIOR DO PAÍS


IMAGEM RETIRADA DO GOOGLE

Toda a gente sabe que os cuidados de saúde em Portugal deixam muito a desejar, não só nos hospitais dos grandes centros urbanos do litoral mas também e sobretudo, muitíssimo mais nos hospitais do  inóspito território do interior.
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Todos os dias ouvimos histórias arrepiantes sobre a incapacidade e a insuficiência de meios médicos nos principais hospitais portugueses, em consequência dos quais muitas vidas se perdem.
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Histórias são histórias e muitas vezes não são totalmente verdadeiras. Quando se critica ou fazem denúncias, as mesmas têm que se basear, sempre que possível, em factos verdadeiros.
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Uma coisa é a gente ouvir dizer que determinada pessoa morreu devido a negligência médica e outra, completamente diferente, é presenciarmos e termos a certeza que a morte de um amigo ou familiar se deveu efectivamente a negligência médica.
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E se há inúmeras queixas relativamente a hospitais como Santa Maria e S. José, em Lisboa; e S. João e Stº António, no Porto, então imaginem o que se passa ao nível dos hospitais regionais do interior do País!!!
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Por exemplo, no hospital de Carrazeda de Ansiães, morreu o meu jovem Sobrinho, João Silva, depois de ter tido um pequeno acidente de motorizada. O João deslocava-se numa motorizada e levava como pendura um amigo. A certa altura do percurso, por distracção, saiu da estrada e perdeu o controlo da motorizada, estatelando-se na valeta.
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Aparentemente, nem o condutor nem o pendura sofreram graves ferimentos e, por isso mesmo, montaram na motorizada e seguiram viagem. Porém, o João, nessa noite, notou que estava febril e com sede. A mãe, muito preocupada, no dia seguinte, levou-o ao hospital mais próximo da residência, o hospital de Carrazeda de Ansiães. Lá chegado, o meu sobrinho revelou que estava com muito frio e um mal-estar muito forte mas não havia clínico disponível para o observar. Vendo a gravidade da situação e a debilidade do jovem, uma empregada foi buscar uma maca para deitar o João e cobriu-o com um lençol.
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Passadas algumas horas à espera de ser atendido, o meu sobrinho pediu que o cobrissem porque estava com muito frio. O familiar que estava com ele procurou a empregada para lhe pedir uma manta mas quando apareceu com ela, já não era precisa porque o Joãozinho já tinha partido, sem que ninguém lhe tivesse valido dentro daquele hospital.
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De quem foi a culpa da morte deste jovem de 16 anos que morreu com uma pequena hemorrogia interna? Eu respondo: a culpa foi de um hospital que nem sequer observou o paciente e que provavelmente nem teria meios para efectuar uma operação de emergência. Um hospital deste tipo, só pode chamar-se matadouro humano.
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Mais recentemente, em Agosto de 2011, um outro sobrinho meu, o Zezinho, teve a fatalidade de lhe ter acontecido uma situação grave de saúde junto à porta de entrada da sua residência, tendo caído inanimado no chão. Com a ajuda das pessoas que na altura estavam com ele, conseguiu reanimar e retomar consciência total, a tal ponto de teimar que não queria ir para o hospital.
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Entretanto, vendo o grave estado de saúde em que se encontrava, a esposa solicitou os serviços do 112 que infelizmente não estava disponível. Dirigiu-se para o local uma ambulância dos bombeiros sem equipamento especializado em primeiros socorros. Os bombeiros entraram em contacto com o 112 e de lá receberam ordens para se dirigirem para o hospital de Mirandela, informando que iriam ao encontro da ambulância em determinado ponto do percurso.
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Entretanto, passaram-se mais de três quartos de hora e quando o INEM se encontrou com a ambulância para socorrer o malogrado cidadão José Silva, já nada mais havia a fazer do que confirmar o seu óbito.
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Casos como estes, acontecem, infelizmente, todos os dias neste País. Nós só nos indignamos e damos conta destas tragédias quando se trata dos nossos familiares e amigos mas deveríamos compreender e ser mais solidários com todos quantos são vítimas das mesmas grosserias e negligências. 
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No caso do 1º sobrinho, o hospital de Carrazeda deixou-o morrer deitado numa maca, sem sequer chegar a observá-lo. E no segundo caso, durante mais de 45 minutos, nem os bombeiros nem o INEM foram capazes de prestar o necessário socorro a um jovem que podia ter sobrevivido com a ajuda dos meios do 112. 
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Na saúde, praticam-se graves crimes de negligência médica todos os dias e a exemplo do que se passa em tantos outros sectores da vida portuguesa, gozam de total impunidade. É lamentável esta prática que privilegia a iniquidade. A vida das pessoas deve merecer maior consideração e respeito.
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Brincar à saúde, é um jogo demasiado perigoso, já que coloca em risco a vida, a única razão de existir do ser humano.
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Quem governa na área da saúde, deve ponderar muito bem todas as medidas que toma, agindo como se todos os cidadãos do País fossem seus familiares ou amigos. 
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O que é que acham que aconteceria?





1 comentário:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, o nome que chamou ao nosso Serviço de Saúde, não podia estar melhor aplicado!!!

Se os casos que têm acontecido à sua Família, são tantos e tão GRAVES, ao Nível do País, são, por incompetência e falta de meios, Dezenas, diáriamente.

Eu, por exemplo, o primeiro caso, muito grave, que tive, se não fosse a minha Mulher, já não estava, neste meio, quase há seis Anos!!!!!!

Eu faço, mais uma vez, as mesmas perguntas: Que tipo de Organização, existe na Saúde e para onde vão tantos Milhões de Euros/Ano?

Aqui, a Regulação/Fiscalização, também não funciona.
Laranjeiro, 18-12-2011