domingo, 2 de agosto de 2009

ESTA JUSTIÇA FEDE QUE TRESANDA


Ontem tomei conhecimento que o autarca de Oeiras, Isaltino Morais, foi condenado a sete anos de prisão, com perda de mandato.
Confesso que fiquei satisfeito com esta decisão da Justiça. Desde 2005 que o processo judicial se arrastava e o autarca estava acusado de crimes de corrupção passiva, participação económica em negocio, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de poder.
É claro que estes Senhores autarcas não podem administrar uma Câmara em proveito próprio mas infelizmente é o que tem acontecido de Norte a Sul e de Este a Oeste do País. As maiores fortunas têm sido forjadas no desempenho de cargos autárquicos e os Presidentes são aqueles que têm direito à maior parte do bolo.
Quem estiver interessado em saber a verdade, pergunte por esse País fora, ao cidadão comum, quem eram as pessoas antes de serem Presidentes de Câmara e quem são agora, depois de cumprirem 2, 3, 4, 5, 6 ou 7 mandatos, sempre no mesmo Município e gerido como se de uma coutada do próprio se tratatasse.
As queixas e os boatos ouvem-se em toda a parte mas o Ministério Público nunca esteve interessado em fazer investigações profundas e levá-las até às últimas consequências, levando a julgamento todos os criminosos, independentemente do Partido a que pertençam, do grau académico e do poder económico que possuam.
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Quanto a Isaltino Morais, estamos conversados, a Justiça tarde e a más horas lá conseguiu incriminá-lo por uma ínfima parte dos crimes que cometeu e é bom que pague por eles.

Mas então, por que espera a Justiça para condenar os outros autarcas que cometeram tantos ou mais crimes que o Isaltino e arranjaram fortunas que não têm hipótese de justificar?

Se a Justiça prende uns e deixa outros à solta, então não há justiça e dá azo a que as pessoas façam interpretações pouco abonatórias em seu favor. Misturar Justiça com política, condenar pessoas em função das suas orientações políticas, acabará por causar danos irreparáveis no regime democrático, ainda mais devastadores que a actual crise.

Passados 34 anos sobre a conquista da liberdade e da democracia, em que tanto os revolucionários de Abril como os políticos que se lhe seguiram só têm feito promessas e têm falhado em quase tudo o que prometeram, demonstrando constantemente uma falta de respeito e consideração pelos mais desfavorecidos que por via disso estão a passar as maiores dificuldades e privações desde 25 de Abril de 1974.

O maior cancro da democracia é a Justiça. Praticamente ela só actua com os pobres ou seja: é forte com os fracos e fraca com os fortes.

Até hoje e são volvidos 34 anos, o Povo manteve-se ordeiro e sereno, acatando a actuação da Justiça e respeitando os seus agentes, aqueles que têm a sagrada missão de fazer justiça.

Porém, depois de ao longo dos anos verificar o que se passou com os milhares de processos publicitados na comunicação social, envolvendo grandes grupos económicos, governantes, políticos, autarcas, figuras de relevo da vida pública portuguesa, não esquecendo os casos mais recentes e mediáticos, como o processo Casa Pia, Apito Dourado, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Mesquita Machado, Avelino Ferreira Torres, Elisabete Chaves (considerada líder de uma rede de auxílio à emigração ilegal e inicialmente acusada pelo Ministério Público de cerca de 700 crimes), Banca, etc., creio que é inevitável que o Povo tenha que intervir de forma organizada para acabar com esta imensa vergonha nacional.

Uma das soluções seria proceder à exoneração de todos os agentes da Justiça e começar tudo de novo mas como isso não é possível, o Povo terá que tomar medidas políticas drásticas para que o Poder seja entregue a alguém que nunca o tenha conquistado desde o 25 de Abril e que não tenha nada a ver com o estado deplorável a que chegou a Justiça.

Por mim, aplicava já esta medida nas próximas legislativas.

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