quinta-feira, 24 de abril de 2014

40º ANIVERSÁRIO DA "REVOLUÇÃO DOS CRAVOS" - UMA EFEMÉRIDE QUE NEM TODOS OS PORTUGUESES TÊM RAZÕES PARA CELEBRAR

Imagem retirada do Google

Para mim, falar do 25 de Abril, passados 40 anos, ainda se torna um exercício difícil e penoso. A revolução prejudicou e arruinou a vida de muita gente honesta, generosa, laboriosa e patriota e favoreceu e promoveu uma multidão de chicos-espertos, feitos revolucionários e democratas de um momento para o outro ou, melhor dizendo, de 24 para 25 de Abril de 1974.
 
O ódio e a vingança andaram de braço dado pelo País fora, ocupando, maltratando e ajustando contas com quem, na maioria dos casos, era inocente. Os ricos eram "fascistas" e os adversários eram incriminados como "bufos" da pide. Com estes pretextos "roubavam" os ricos e eliminavam os adversários.

A caça ao homem e aos seus bens, resultou numa onda de ocupações, nacionalizações e expropriações que empobreceram todos os sectores produtivos do País, para mais tarde, já  na década de 80 e 90, uma grande parte desses bens serem devolvidos aos seus legítimos proprietários, com grandes encargos para as finanças públicas que tiveram que ressarci-los com chorudas indemnizações.

Foram anos de sucessivos desmandos e de delapidação do património público e privado, uma época em que a lei das esquerdas revolucionárias(?) imperou, até com recurso a uma série de atentados, levados a cabo por "organizações terroristas", entretanto criadas, do tipo das FP-25, cuja actuação desprestigiou e ridicularizou Portugal aos olhos do mundo.
 
Foram essas esquerdas revolucionárias que provocaram a maior traição da história de Portugal e que atingiu de forma violenta, trágica e cruel mais de um milhão de portugueses, à data, a residir e a labutar nas ex-Colónias portuguesas.
 
O papel vergonhoso dessas esquerdas, influenciou os militares estacionados nessas Colónias, especialmente em Angola e Moçambique, com a missão de fazer respeitar a lei da República Portuguesa e defender as suas populações, os quais, cedo se demitiram dessa missão, desarmando a população civil e entregando o armamento do exército português a um dos movimentos de libertação, no caso de Angola, o MPLA, consentindo-lhe todo o tipo de crimes: prisões sem culpa formada, em pleno dia ou pela calada da noite, torturas e fuzilamentos, obrigando a população a fugir para os Países vizinhos e para outros destinos, um pouco por todo o mundo, antes mesmo de as autoridades revolucionárias de Abril autorizarem  a "ponte aérea" Angola-Moçambique/Portugal, que haveria de transportar os refugiados para o seu País de origem, o que só aconteceu depois de americanos e sul-africanos terem iniciado esses vôos.
 
Mais de um milhão de portugueses foram abandonados e atirados às feras. Milhares foram brutalmente assassinados, em muitos casos para serem despojados dos seus bens, causando luto e dor a dezenas de milhar de famílias que nunca mais puderam ter uma vida normal e aspirar a ser felizes.
 
Nessa altura, um dos grandes "arquitectos" da traição perpetrada contra os portugueses residentes nas ex-Colónias, pela vergonhosa e trágica descolonização, a qual desprezou as suas vidas e não protegeu os seus interesses patrimoniais, não vi Mário Soares preocupado com a sua sorte nem lamentar tão gigantesca tragédia. Nessa altura, Mário Soares classificou de "exemplar" a criminosa descolonização, constituindo tal afirmação um monstruoso insulto a todos quantos sofreram na pele, os horrores de tão catastrófica e vergonhosa descolonização.

Agora, quando passam 40 anos sobre tão trágicos acontecimentos, o octogenário ancião, ex-PR e ex-tudo, está muito preocupado com a situação dos portugueses e até sugere que é necessário correr com este governo, se necessário, pela força, já que lhe atribui todas as culpas pela difícil conjuntura económica que o País atravessa e pela situação de miséria em que vive uma grande parte do povo.

Que grande democrata! E que grande exemplo de democracia! Sugerir que se demita um governo pela força das armas e com recurso à violência, é uma posição bizarra de alguém que devia saber que em democracia é o povo que elege ou demite os governos através dos mecanismos que a Constituição da República põe à sua disposição e o voto livre do povo nas eleições legislativas, que eu saiba, é a arma utilizada em democracia para eleger ou demitir os governantes. Pobre criatura! Nem a velhice lhe alterou o mau carácter que sempre ostentou ao longo da sua vida!

Ele que foi em 1974/75 um dos grandes obreiros da descolonização e da situação de pobreza em que  ficou mais de um milhão de portugueses e que é também agora, um dos principais responsáveis pela bancarrota a que chegou o País e pela pobreza em que vive uma boa parte da população, devia ter algum decoro quando abre a boca. Ele que foi um dos grandes privilegiados da "revolução dos cravos", devia ter tento na língua e mais respeito por um povo politicamente analfabeto que, infelizmente, por isso mesmo, lhe permitiu que desempenhasse todos os cargos importantes a que um político  ganancioso e sem escrúpulos pode aspirar e que tivesse ampliado o seu património e dos seus familiares, vivendo estes 40 anos sumptuosamente, à custa do Estado,  rodeado de privilégios e mordomias, ao contrário da maioria do povo que tem regredido e vive na penúria.

Francamente! É preciso ter muita lata! É preciso ser muito cara de pau! Se há responsáveis pela situação dramática a que chegámos, Mário Soares e o seu partido socialista estão na primeira linha, porque esbanjaram recursos financeiros gratuitamente e em benefício próprio, não souberam governar, antes se governaram, não levaram a cabo as reformas necessárias e endividaram escandalosamente o País e os portugueses.

Portanto, a celebração dos 40 anos da "revolução dos cravos" não é igual para todos os 10 milhões de portugueses. Se uns têm razões para celebrar e ostentar ufanos um cravo vermelho na lapela, outros têm mil razões para não celebrar e até para detestar a flor que simboliza a efeméride, embora, como é obvio, o cravo não tenha culpa nenhuma, apenas o facto de estar associado a um acontecimento de que muitos não gostam.

Ao contrário dos parasitas deputados que errada e abusivamente se intitulam "representantes do povo" e dos militares que cometeram a suprema proeza(!) de "derrubar" um regime que estava a cair de maduro e nada fez para se defender, não comemorarei a efeméride na Assembleia da República nem no Largo do Carmo e durante esta quadra abrilista, nem sequer utilizarei a televisão para não vomitar de nojo ao ouvir pela enésima vez os feitos gloriosos dos "revolucionários" de Abril, narrados pelos protagonistas de sempre, agora velhos e caquéticos, os quais se consideram imprescindíveis e insubstituíveis e não arredam pé há 40 anos!!!

Dar lugar aos mais novos, dizem eles, com grande lata!!! Como?, se aos oitenta e tais anos de idade ainda continuam agarrados aos tachos? "Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz". Esta gentalha não é para levar a sério. Porque é que acham que o País chegou a tão dramática situação de miséria? Precisamente porque o povo entregou a governação do País nas mãos de gente incompetente e irresponsável, nada tendo feito ao longo destes 40 anos para inverter a situação, continuando a entregar religiosamente o seu voto nas mesmas formações políticas.

Costuma dizer-se e com alguma razão que "cada povo tem aquilo que merece" e a maioria do povo português não se pode queixar porque é cúmplice da acção governativa dos sucessivos governos  da era democrática.
 

2 comentários:

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

Efectivamente, nós, os grandes prejudicados com a ,exemplar, descolonização, não temos qualquer razão, para comemorar!

Realmente, fomos, altamente, prejudicados com a tal descolonização e com os Empregos que arranjámos(Eu), depois do regresso.

Deram-nos, não ligando, absolutamente nada, à Documentação que nos fez acompanhar, dizendo o que fazíamos e podíamos fazer, na Área da nossa Profissão, a Categoria mais baixa, que havia!!!!

No meu caso, prometeram-me uma Categoria, antes de assinar o Contrato e, no acto de Admissão, deram-me uma Categoria muito mais baixa.

Enquanto estive ao Serviço, promoveram, conforme as normas que, na Época, existiam, pessoas sem Habilitações, ao Nível máximo, que naquela altura, era o Nível 9 e, no entanto,a mim não me promoveram, tendo saído com o Nível 7.

Ou seja, fomos discriminados, em todas as frentes!!!

Por outro lado, admira-me muito que os mais beneficiados com e pelo vinte e cinco de Abril, façam um tipo de discurso, apelando, talvez, a um vinte e seis de Abril!!!!

Quem deveria estar zangado com o vinte e cinco de Abril, deveria ser o Zé Pagante, porque está e tem vindo a pagar por aquilo que não fez.

É lógico, racional e intuitivo que, para nós, os objectivos da, chamada, revolução dos Cravos, não foram atingidos!!!!!!!!

Se houvesse justiça Social como há, por exemplo, em Espanha, talvez as coisas estivessem, para nós, muito melhores.

Em Espanha, onde existe um Governo de Direita, há dois Anos consecutivos que o mesmo Governo diz, que a única coisa que vai subir, são os Juros da Dívida e os aumentos dos REFORMADOS e PENSIONISTAS!!!

Em Portugal, um governo de Direita, tira aos Reformados e Pensionistas, para dar aos Bancos e aos grandes Grupos Económicos!!!!!!
Laranjeiro, 25-04-2014

Manuel Carmo Meirelles disse...

Meu bom amigo

O que lhe fizeram no emprego, desprezando o seu currículo profissional e discriminando-o dos seus colegas com menos habilitações, foi a forma de humilhar pessoas oriundas das ex-colónias, a quem apelidaram de "retornados".

A mim fizeram-me a mesma coisa, já que tendo uma categoria equivalente à letra "L" me integraram no início da carreira administrativa, na categoria de terceiro oficial, letra "Q", cinco letras abaixo. Isto é muito mais do que discriminação, é vexame, humilhação.
Também nos meus serviços promoveram funcionários de favor, porque não preenchiam os requisitos necessários, com o intuito de preencherem as vagas pelos funcionários locais para que os "retornados não pudessem ocupá-las.
Dizer que fomos tratados como portugueses de segunda, é pouco. Fomos mal recebidos e vítimas de vingança, porque as tais "esquerdas revolucionárias" assim instruíram o povo, contando-lhes mentiras sobre a vida nas ex-colónias.

Muitos dos que fanaticamente prejudicaram os "retornados" já lá estão no mundo da verdade, pena que alguns ainda aí continuam, sem qualquer remorso ou arrependimento pelos crimes que cometeram.