segunda-feira, 28 de abril de 2014

MORREU VASCO DA GRAÇA MOURA - UMA FIGURA ÍMPAR DA CULTURA PORTUGUESA

Imagem retirada do Google
 
Morreu no domingo, dia 27.04.2014, aos 72 anos de idade, no Hospital da Luz em Lisboa, um dos maiores vultos da literatura portuguesa, depois de lutar corajosamente contra o cancro, o qual não o impediu de desempenhar até aos últimos dias de vida, as suas funções de presidente do Centro Cultural de Belém, nem de continuar a escrever e publicar livros e de enviar as suas crónicas semanais para o Diário de Notícias.
 
Vasco da Graça Moura foi um homem que sempre me inspirou um grande respeito e admiração, fruto da sua excepcional intelectualidade e nobreza de carácter, uma figura ímpar da cultura portuguesa actual que se notabilizou como poeta e tradutor de grandes poetas, romancista, ensaísta, dramaturgo, cronista, antologiador, historiador honoris causa, advogado, político e gestor cultural, entre outras actividades.
 
Vasco da Graça Moura distinguiu-se da vulgaridade da maioria dos políticos, pela responsabilidade que sempre imprimia a cada uma das palavras que proferia e pela forma extraordinariamente exemplar da sua conduta para com a sociedade. Um Homem com esta grandeza intelectual, ética e cívica, pela enorme perda que representa a sua morte para o País, devia pertencer a uma outra dimensão humana, imune às fatalidades da vida, na doença e na morte e perpetuar para além do espaço temporal da espécie humana, com direito à imortalidade.
 
A verdade é que Vasco da Graça Moura partiu prematuramente quando ainda tinha muito para dar ao País, mas ainda viveu o suficiente para ver reconhecida, em vida, a sua extraordinária obra, tendo recebido inúmeros prémios. Ainda recentemente, mais concretamente no final do passado mês de Janeiro, foi justamente homenageado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada, no decorrer de um colóquio que a Fundação Gulbenkian lhe dedicou.
 
Na verdade, embora tenha uma grande admiração por Vasco Graça Moura pelos motivos atrás descritos, devo confessar que tenho pena de não conhecer a sua obra; porém, uma das suas facetas que muito admirei, foi sem dúvida a sua intransigente luta nos últimos anos de vida, para travar a aplicação do Acordo Ortográfico, o qual considerava "um crime de lesa-língua" e ao qual dedicou, em 2008, o ensaio "Acordo Ortográfico: a Perspectiva do Desastre".
 
À família enlutada apresento as minhas sentidas condolências.
 
Paz à sua alma e que Deus lhe conceda a felicidade eterna.
 

 

2 comentários:

Unknown disse...

Estes governantes e principalmente o Ministro da educação são autistas e no alto dos seus poleiros não ouvem nem vêem ninguém.
Como poderão eles ver as aberrações que foram feitas no tal de acordo?

Uma homenagem que sempre fica bem por ser justa e merecida

Oswaldo Jorge do Carmo disse...

Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa

Exmo Senhor,

De facto, Homens com esta maneira de estar, na vida e na sociedade, deveriam ter outro fim.

Infelizmente, não somos nós que escolhemos.

Como eu já, várias vezes, disse, os bons vão perecendo.

Estamos condenados a ficar, só, com os medíocres.

Mais um Barco que naufragou!

Este Barco, porém, é diferente ao que eu aludi, no Comentário à morte do Exmo Senhor António Mourão.

Este Naufrágio, significa a perda de uma embarcação, cheia de verticalidade, conhecimento, inteligência e outra coisas, mais!!!

Apresento, também, à Família enlutada, as minhas sentidas condolências.
Laranjeiro, 29-04-2014