Foto retirada do Google
Fez no dia 7 de Abril 20 anos que ocorreu no Ruanda um dos maiores genocídios da história da humanidade, mais de 800 mil mortos durante 100 dias de consecutivos e horrorosos massacres.
As etnias Hútus e Tutsis foram cultivando ao longo de séculos uma rivalidade odiosa que se agravou com o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, quando o território ruandês foi deixado pelos belgas, depois de meio século de colonização.
A partir desse momento, a maioria hútu que sempre atribuiu todas as desgraças da nação à população tutsi, intensificou o ódio e as hostilidades e começou a arquitectar um plano para os aniquilar, plano esse que era do conhecimento e tinha o consentimento dos governantes da época.
Por coincidência, ou não, ocorreu no dia 6 de abril de 1994, um atentado que derrubou o avião que transportava o presidente ruandês Habyarimana e imediatamente o atentado foi atribuído aos tutsis ligados ao FPR (Frente Patriótica Ruandense) e agarrado como pretexto para iniciar uma caça à minoria tutsi que durou 100 dias.
Este trágico acontecimento tem muitas outras variantes e origens, mas o meu objectivo não é contar a história mas tão somente estabelecer um paralelo entre o que se passou no Ruanda há 20 anos e o que aconteceu no Congo, na República Centro-Africana, no Egipto e na Líbia e ainda acontece na Síria, na Venezuela e na Ucrânia e em tantas outras regiões do Mundo, relativamente à intervenção da ONU e dos seus estados-membros.
Vergonhosa e criminosamente, a ONU e os estados-membros, assistiram passiva e insensivelmente, durante 100 dias aos horrorosos massacres, quando aquele Organismo tinha toda a propriedade para acionar o Conselho de Segurança e evitar, ou pelo menos minimizar, toda aquela tragédia e nada não fez para travar a sede de vingança dos assassinos.
Um acontecimento tão trágico, em consequência do ódio e da crueldade de uns e da insensibilidade e desprezo pela vida humana, de outros, que devia ser recordado e servir de lição para nunca mais se poder repetir uma tragédia idêntica, foi praticamente esquecido, restando apenas o doloroso testemunho dos que sobreviveram ao extermínio, vítimas dos mais inenarráveis episódios de violência, bem visíveis nos seus corpos mutilados.
O sentimento de perda não é igual para todo o ser humano. Enquanto os atentados contra as Torres Gémeas ou contra a Estação de Atocha, entre outros, são recordados todos os anos no 11 de Março e 11 de Setembro, com cerimónias sumptuosas apropriadas, o genocídio do Ruanda caiu no esquecimento, porque as 800 mil vítimas da minoria tutsi, seres humanos iguais a quaisquer outros, assassinadas com requintes de insuportáveis momentos de crueldade e tortura, não geram na comunidade mundial o mesmo sentimento de perda.
Porém, hoje como ontem, a ONU continua a desempenhar um papel meramente representativo por quem os inúmeros beligerantes em todo o mundo não têm qualquer medo ou respeito e, por isso mesmo, cometem toda a espécie de crimes contra a humanidade impunemente.
Desenganem-se pois, aqueles que pensam que a actuação da ONU no Ruanda não se repetirá porque não é verdade, basta lembrar os recentes conflitos da Líbia, da Síria, do Egipto, da Venezuela e da Ucrânia, onde os direitos humanos são ignorados e os civis são massacrados, para se concluir que a ONU não defende nada nem ninguém, a não ser os chorudos tachos e mordomias dos seus milhares de funcionários em todo o Mundo.
Os acontecimentos nos países atrás citados, é um sério aviso para os seus governantes que não devem confiar naquela organização nem esperar que lhes resolva os seus problemas de soberania, democracia ou outros porque se o fizerem estarão condenados a nunca encontrar uma solução e a assistir, impotentes, à degradação económica, política e social dos seus Países e à miséria do seu povo.
Aos governantes destes Países, face ao despudorado conformismo, passividade e insensibilidade da ONU e dos seus membros, não lhes resta outra alternativa que não seja enfrentar com sentido democrático, coragem e determinação os gigantescos desafios que a conjuntura económica social e política lhes criou, para vencê-los, negociando consensos e recolhendo contributos de todas as forças vivas da nação.
Com essa atitude, poderão salvar os seus países da guerra e da bancarrota e evitar a miséria e o sofrimento ao povo.
1 comentário:
Exmo Senhor
Autor desta Publicação
Lisboa
Exmo Senhor,
Assim é, efectivamente!!
De facto, enquanto os interesses económicos, falarem mais alto, pobres dos que estão metidos nestas embrulhadas!!
É uma pena,já não haver dirigentes como antigamente.
Realmente, não sei o que estão a fazer, além dos Ordenados Milionários que, todos, auferem, estes Senhores, da ONU!!!!!
Mas, a nossa Europa é um Milhão de vezes, pior!!!!!!
Veja, o que a nossa CE, fez à Ucrânia!!!!!!!
A União Europeia, lançou o fogo e fugiu.
Os Americanos, por outro lado, agora, estão numa de bonzinhos e de pacifistas.
Quando se deviam meter, não se metem.
Quando não é preciso meterem-se, metem-se.
Ou seja, isto continua a ser um, enormíssimo, jogo de interesses.
É, deveras escandaloso, ainda existirem, nos Séculos XX e XXI, estes conflitos, e os que têm PODER e meios, ao seu alcance, não fazerem, absolutamente, nada de nada para os minimizar ou acabar com eles.
Laranjeiro, 11-04-2014
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